FILME: “MONTADO NA BALA” (CRÍTICA)

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Cartaz
Cartaz
Título Original: Riding the Bullet
Gênero:  Horror; Suspense
Duração: 98 min
Ano de lançamento: 2004
Direção: Mick Garris
Roteiro: Mick Garris (Roteiro); Stephen King (Romance);
Produção: Mick Garris; Brad Krevoy; David Lancaster; Greg Malcolm; Joel T. Smith; Vicky Sotheran
Orçamento:  5,000,000  milhões de dólares
Bilheteria (somente nos Estados Unidos): 101, 107 mil de dólares (Dados de 17 de Outubro de 2004)
Elenco: Jonathan Jackson (Alan Parker); David Arquette (George Staub); Cliff Robertson (Farmer); Barbara Hershey (Jean Parker); Erika Christensen (Jessica Hadley); Barry W. Levy (Julian Parker); Robin Nielsen (Archie Howard); Matt Frewer (Mr. Clarkson); Danniele Dunn-Morris (Mrs. Janey McCurdy); Nicky Katt (Ferris); David Purvis (Mr. Dalrymple); Mick Garris (Dr. Higgins); Mark McConchie (Dr. Shustek)
Sinopse: Um rapaz que tentou se matar recebe a notícia que sua mãe teve um derrame e está no hospital, como os dois estão em cidades diferentes, o rapaz resolve sair nas estradas em busca de carona para chegar lá. Porém, quando finalmente consegue alguém, o caronista se revela um fantasma que joga ao rapaz uma terrível proposta: ou ele morre, ou a mãe.
IMDb: http://www.imdb.com/title/tt0355954/
Trailer:

Análise:

“Você tem que sentir o sopro da morte pra valorizar a vida. Uma mordidinha da morte pode ensiná-lo a crescer.”

—Alan Parker.

 

“Ninguém vive para sempre. Mas todos brilhamos.”

—Alan Parker.

 

Meu primeiro comentário acerca deste filme é: Poxa, Mick Garris conseguiu acertar na direção com essa trama! Falo isto porque, entre os fãs de Stephen King, Mick Garris é muito conhecido pela sua direção fraca nas adaptações de livros e contos, basta pesquisar um pouco sobre a reação dos fãs à sua última tentativa (a minissérie “Bag Of Bones”).

O filme se foca em Alan Parker, um jovem maníaco-depressivo cuja única perspectiva pela qual consegue encarar o mundo é o espectro sombrio da morte. Seu jeito de ser às vezes deixa a sua namorada preocupada com o futuro dele, pois ela não consegue enxergar uma vida para alguém que só tem pensamentos de morte e que não vê a mínima dose de otimismo na vida.

O filme possui uma atmosfera gélida forjada pelos cenários que parecem somente utilizar iluminação natural e dotados de pouquíssimo brilho. O filme também se utiliza da construção de dois olhares distintos de Alan para alguns eventos da história. Esse recurso é manifestado na existência de um segundo Alan que contracena com o verdadeiro Alan. O segundo Alan funciona como uma espécie de consciência que não necessariamente age almejando definir o que é certo ou errado, mas gerar contrapontos para os sentimentos, pensamentos e ações de Alan. Essa consciência, segundo minha interpretação, é o Alan possível, aquele que realmente a sua namorada gostaria que ele fosse.

No dia seguinte ao seu aniversário Alan recebe a funesta notícia de que a sua mãe foi internada em um hospital após sofrer um derrame e decidi que deve visitá-la no hospital, pois sente que essa pode ser a sua última chance de falar com ela e quer estar ao lado de sua amada mãe caso este for o seu momento de partir.

Alan opta por ir até a cidade em que a mão está pegando caronas e durante o trajeto se depara com os mais diversos tipos de pessoas excêntricas que possuem uma marca em comum: Todas o fazem refletir sobre a morte. Seja a angústia de perder uma pessoa, a ânsia por construir algum sentido maior para a sua existência ou o desespero em ter de lutar para poder continuar vivendo, mesmo sem saber ao certo pelo que se vive.

A jornada pelas estradas traz revelações que fazem Alan repensar todos os seus conceitos e prioridades. A sua viagem nos parece uma jornada espiritual ao cerne da morte do qual ele emerge no desfecho da trama renovado, reformulado, reconstruindo toda a sua essência.

A história começa como um horror em estado mais bruto, com pouca lapidação, e vai se refinando até se completar como um drama sobrenatural de primeira linha como poucos autores são capazes de construir com maestria.

“Montado na Bala” é uma daquelas obras das quais o espectador jamais sai o mesmo, pois nos faz dialogar com ele em um nível profundo. Alan pode muito bem ser o reflexo de nós mesmos e nossos temores perante a vida que passa em uma velocidade alucinante. O grande trunfo é justamente esse: fazer o espectador se ver em Alan.

O final é de uma beleza magnifica e nos faz perceber que a morte não é tão assustadora assim e que para viver é preciso aprender a encarar a morte. Recomendo! Cinco selos cabulosos.

NOTA:

Curiosidades:

  • Stephen King originalmente publicou a história em que o filme se baseia, na internet.
  • O velho carro vermelho de topo branco é uma referência à Christine.
  • No conto, o carro de George Staub é um Ford Mustang. Os produtores decidiram usar um Plymouth vermelho como uma brincadeira com Christine. Porém, Christine é um Plymouth Fury 1958, o de George é um 1960.