FILME: “1408” (CRÍTICA)

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Cartaz
Cartaz
Título original: 1408
Gênero:  Horror, Suspense
Duração:  104 min
Ano de lançamento: 2007
Direção:  Mikael Hafstrom
Roteiro:  Matt Greeberg, Scott Alexander, Larry Karaszewski
Produção:  Lorenzo di Bonaventura
Orçamento: 25.000.000 milhões de dólares (estimado)
Bilheteria (mundial): 131.998.242 milhões de dólares (08 de Fevereiro de 2009)
Elenco:John Cusack (Mike Enslin), Samuel L. Jackson (Gerald Olin), Mary McCormack (Lily), Tony Shalhoub (Sam Farrell), Jasmine Jessica Anthony (Katie)
Sinopse: Um promissor romancista, Mike Enslin (John Cusack), resolveu enveredar por outro caminho e escrever livros que investiguem fenômenos paranormais. Enslin nunca presenciou realmente algum destes fatos, então fica difícil obter credibilidade. Além do mais Mike é totalmente cético, pois até hoje não encontrou evidências de que exista vida após a morte. No entanto decide ir até Nova York e se hospedar no Dolphin Hotel, mais exatamente no quarto 1408, que tem fama de ser habitado por espíritos malignos. O gerente do hotel, Gerald Olin (Samuel L. Jackson), o avisa que 56 mortes já ocorreram neste quarto, mas Mike está decidido a conferir se sua fama está condizente com a verdade.
IMDb

Trailer:

Análise:

“Papai…todo mundo morre.”

—Katie Enslin

Saudações, leitores! Dando continuidade às homenagens deste dia especial para o amado escritor Stephen King, assim como para todos os seus fãs, lanço a minha resenha do filme “1408”. Essa, registro aqui, foi uma das adaptações que mais gostei, apesar de uma ou outra diferença em relação ao conto (presente no livro “Tudo é Eventual”), conservou muito bem a atmosfera do conto e contou com atuações perfeitas! Embarque nesta história comigo e reflitam sobre como adquiriram as certezas que funcionam como colunas para as suas vidas. Serão elas tão firmes assim? Será que não se julga real tão somente o que está no palco e ignora-se o que se movimenta atrás das cortinas? Não tenha medo, pois aquela sombra passando ao seu lado foi somente um fruto de sua imaginação ou não?

Mike Enslin

O filme tem um ponto de partida e desenvolvimento relativamente simples, mas isso é justamente devido ao fato de ser baseado em um conto, e acho que manter a maior aproximação possível com o enredo original, sem inserir muitos fatos inéditos, conserva justamente a natureza impactante que normalmente os contos possuem. A linguagem cinematográfica é claramente distinta da literatura, enquanto a segunda é uma experiência mais intima, onde os signos (letras) nos chegam e sofrem uma metamorfose para virarem imagens mentais, mediante um exercício de imaginação, a segunda é mais coletiva, uma vez que as imagens nos são lançadas e a partir disso é que vamos criando a nossa experiência com a película e eventualmente compreendendo a história. O caminho até o clima do filme é rápido, mas sem atropelar emoções, muito pelo contrário, os passos são firmes e incisivos, deixando o terror intenso e evidenciando a desorientação do protagonista e consequente flerte com a insanidade.

O tema de residências (hotéis, casas etc) assombradas é um dos mais usados seja no cinema ou literatura e, seja qual for a natureza do fenômeno, sempre vai fascinar os seres humanos, uma vez que tendemos a pensar que imprimimos no ambiente ao nosso redor as diversas coisas que alimentamos em nosso interior (sentimentos e pensamentos). Tudo estaria muito bem, caso não consideramos as possibilidades sobrenaturais, mas o que fazer quando há a chance de que algo de nós sobreviva após a morte? Algo que pode se agarrar a um lugar e acabar se transformando um uma matéria maligna que nos consumisse como o mais tenebroso câncer? Nesse caso, a resposta seria um lugar semelhante ao 1408, um espaço essencialmente maligno, como o próprio gerente do hotel, Gerald Olin, frisa.

O interessante desta história é que, apesar de parecer, o cerne não é o quarto assombrado, mas o conflito que o escritor, Mike Enslin, trava entre a sua mente baseada em conceitos científicos e lógicos claramente definidos e a sua busca por uma esperança que o console, algo que diminua a dura perda da filha, mesmo sem admitir a sua motivação tão abertamente. O ambiente restritivo do filme nos deixa na mesma tensão que o personagem e a empatia surge espontaneamente, ampliando o entretenimento do espectador. A identificação com Mike também é devido ao fato que todos já passamos ou conhecemos alguém que enfrentou o duro processo do luto, algo inevitável a seres que devem lidar com a questão da finitude.

A diversidade de cenários é dispensada, mas em compensação temos atuações de primeira linha, um elemento evidentemente mais importante que ter inúmeras locações, principalmente em um filme que pretende se agarrar no íntimo de quem o assiste.

O que podemos ver nesta adaptação é uma genuína história de King, ou seja, uma reflexão sobre uma condição humana com uso de elementos fantásticos, possui a sua apropriada carga de medo, mas também tem o tempero de um drama, suspense e nos suscita questionamentos, seja qual for o posicionamento sobre o que ocorre quando o nosso organismo cessa as atividades. O diretor merece meus aplausos, pois são pouquíssimos que souberam capturar a grandiosidade de um texto de King, visto que ele é um escritor de profundidade e muitos sequer conseguem respirar este ar mais pesado e preferem ficar na superfície. Recomendo este filme e dou 10 caveiras, como diria Mike, ou cinco selos cabulosos, como dizemos por aqui. Um autor de escrita madura e um diretor hábil, eis o que pode nascer desta união! Recomendo este filme e dou 10 caveiras, como diria Mike, ou cinco selos cabulosos, como dizemos por aqui. Abraços!

NOTA: