RESENHA: “O BOM SUJEITO” DE DEAN KOONTZ

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Capa
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Autor: Dean Koontz
Editora: Record
Origem: Americana
Ano: 2011
Edição: 1
Número de páginas: 400
Skoob
Sinopse: A vida do pacato Timothy Carrier vira de pernas para o ar quando, numa noite, um dos clientes do bar que ele costuma frequentar o confunde com um assassino profissional e encomenda a morte de Linda Paquette. As coisas se complicam quando o verdadeiro assassino chega, logo depois. Temendo que o assassino descubra que foi enganado, Tim decide procurar a mulher que ele nem sequer conhece para alertá-la de que sua vida corre perigo. Porém, o matador, um cruel psicopata, já está atrás deles.

Análise:

“A vida de um homem pode dar um giro de 180 graus em apenas poucos minutos. Nem um minuto é isento de potencial para uma importante mudança, e cada tique do relógio pode ser a voz do destino sussurrando uma promessa ou um aviso.”

—Pág. 23.

 

Saudações, leitores! Hoje vou comentar sobre o livro “O Bom Sujeito” de Dean Koontz. Este é um escritor que costuma me surpreender em seus livros, pois suas obras são dotadas de um estilo de escrita agradável e cada livro realmente consegue ser único. Ressalto o caráter singular dos livros do Koontz porque nem todos os escritores são habilidosos a ponto de sempre conseguirem se reinventar a cada livro e alguém capaz de fazer isso, obviamente, é certeza de conquistar muitos leitores, porém noto que ele ainda é pouco conhecido pelo grande público e ainda se mantém mais nas prateleiras daqueles que são fãs de carteirinha de suspense. Então, como formador de opinião, venho cumprir o meu dever em divulgar um autor que admiro e que recomendo a qualquer leitor que queira experimentar tramas de suspense bem escritas que cativam fácil!

A obra começa de um jeito simples, mas em pouquíssimo tempo adquire ares grandiosos e isso fica evidente na situação em que o simples Timothy Carrier se vê jogado por um mero acaso. Afinal, imagine-se sentado em uma mesa de bar de beira de estrada e de repente ser confundido com um assassino de aluguel e, em seguida, encontrar o verdadeiro assassino. A maioria das pessoas provavelmente deixaria o assunto de lado e continuariam com as suas vidas como se nada tivesse mudado, assim como fazemos quanto à violência urbana, todavia Timothy é um sujeito com profundo senso de bondade e honra, um espécime raro na selva de pedra, logo irá se envolver demais com a situação, atingindo um ponto do qual é impossível retornar sem que alguém morra.

A potencial vítima em questão que Timothy tenta ajudar é a escritora Linda Paquette, uma mulher com uma personalidade muito diferente da sua. Enquanto Timothy é um indivíduo muito reservado com um modo de viver humilde, Linda é uma mulher curiosa, enérgica, enfim, uma pessoa que vive com uma intensidade que chega a espantar o nosso singelo herói. Porém, ambos agora estão com os destinos ligados, precisam estar juntos para enfrentar o que está a frente, seja o que for.

A incógnita sobre o motivo, algo improvável de ser deduzido até que o autor decide revelar, que fez Linda se tornar um alvo causa realmente uma curiosidade voraz no leitor e o Koontz sabe aproveitar isso muito bem no decorrer das páginas. Vários mistérios vão se somando e formam o estopim de uma leitura apaixonada. Vale salientar que os mistérios não deixam o leitor desnorteado, pois são apresentados de forma organizada e sem pressa, além de que nenhuma ponta é deixada solta.

O destaque do livro também fica por conta de Krait, o assassino de aluguel que se mantém no encalço de Timothy e Linda até o final do livro, contudo também acompanhamos algumas cenas em que ele dá uma breve pausa na perseguição. São nesses instantes que temos a oportunidade de conhecer um pouco sobre a sua personalidade complexa, cheia de delírios que ganham um amplo sentido metafórico se olharmos com atenção. É fascinante poder adentrar na mente de um personagem a fundo e compreender como funciona a sua percepção do mundo e como ele conduz os seus raciocínios. O enigma de Krait (seu passado) é tão intrigante quanto a identidade de seus contratantes. É brilhante como este vilão foi criado com tantas sutilezas, ele não é movido apenas por um conceito de mal como a maioria das pessoas idealiza, mas por uma série de conceitos.

A fuga de Timothy, tentando impedir que Linda seja assassinada, também parece ser a fuga de algo de seu passado, um horror tão forte que ele chega a dizer que é algo em seu sangue. O temor com o qual Tim trata deste assunto nos deixa claro o quanto o seu jeito pacato é justamente uma tentativa de esquecer o que um dia ele foi e viveu. Porém, esse fantasma do passado acaba sendo mais útil do que ele imaginava.

Um personagem secundário que proporciona bons momentos de diversão é Pete Santo, um contato de Tim no departamento de trânsito que o conhece há muito tempo e peça chave em alguns momentos da trama. Pete é justamente a pitada de alívio para um enredo tão tenso e faz algumas piadas geniais sobre politica e assuntos diversos, um humor inteligente.

A trama também não cai no óbvio durante a aventura de Tim e Linda, muito pelo contrário, nos surpreende mais ainda quando achamos que nada vai se alterar. O desfecho é inusitado, algo que me fez voltar as páginas para ter certeza de que estava mesmo acontecendo. A história se passa em apenas vinte e quatros horas e nesse mesmo ritmo alucinado a leitura acontece. Parabéns ao senhor Koontz por ter me surpreendido mais uma vez, por isto, vai ganhar cinco selos cabulosos!

NOTA: