Talvez, esta resenha tenha uma pergunta implícita e esta pergunta me acompanhou em toda a leitura do livro da Ju. A nossa pernambucana lutadora sempre sonhou em ser escritora e diferente de alguns que permitem abadonar seu sonho no meio da caminhada, ela, junto com seu pai, bancaram uma tiragem inicial para ver o sonho eclodir. Sabendo disso comecei a ler o livro e me perguntar: “O que seria do livro da Ju se ele passasse por uma revisão de uma grande editora?”.
SINOPSE:
Julie é uma garota comum que acabou de ser transformada em um vampiro. Fora isso, ela descobre que agora terá de trabalhar para uma organização que caça monstros chamada Aset, que o vampiro que a transformou, e que também trabalha nesta organização, alerta para não confiar em seus membros e existe um outro vampiro que promete um dia vir buscá-la, mas que no momento a sede da Aset é o lugar mais seguro para ela. E ainda que há uma organização que a quer morta…
Agnus Dei – A Idade do Sangue é um trilher psicológico de ação e traição ambientado na belíssima e romântica Paris.
Desde que entrevistamos a autora no CabulosoCast Drops #04 – A Fantasia no Brasil, ela repete uma mesma frase: “Eu gostaria de convidar vocês para o mundo de fantasia que eu criei“. Aceitei o convite. E pulei de olhos fechados neste fantástico romance vampiresco que, sim!, carece que uma revisão mais cuidadosa aqui e ali. Em alguns momentos, houve excesso de descrições, existem cenas ou capítulos que poderiam ser mais objetivos e no final dos capítulos a Ju antecipa certos acontecimentos e, para mim, foi um pouco frustrante já saber o que iria ocorrer e não ser pego pela surpresa; são nesses momentos que a pergunta que fiz no início da resenha vem em mente e percebo que a história é muito mais interessante do que as críticas.
E quais os pontos positivos? São vários. A escrita é madura e o estilo que ela escolheu funciona perfeitamente com a
narrativa, os personagens são muito interessantes e, existe um certo aprofundamento psicológico na maioria deles, o que permite ao leitor acompanhar várias histórias diferentes e não apenas a que se desenrola no palco principal. O fascinante é perceber que estas subtramas são engrenagens fundamentais para o desfecho da obra. Os vampiros são explorados de uma forma bastante peculiar, muito além da ambiquidade sexual, vistos nos livros de Anne Rice ou da bestialidade presente em outros romances vampíricos. Passa longe o romantismo exarcebardo de Crepúsculo. Posso afirmar que a Ju criou seu próprio universo vampiro e, apesar de não possuir muita experiência como leitor desse tipo de personagem, fiquei maravilhado com as explicações e teorias envolvendo os seres da noite.
Tornei-me fã de Maasi, o vampiro mais mother fucker da história. Ele carrega um ar de “sei mais do que demonstro saber” e acompanhei atentamente seus passos pelas páginas de Agnus Dei. E no final do livro que surpresa, hein? Maasi é de longe o melhor personagem do romance e sinto que também é o favorito da Ju.
Outro ponto a favor do livro é quanto ao conteúdo adulto. Não é um livrinho para meninas sonhadoras com romances “água com áçucar”, em certas partes há várias descrições, como poso dizer, “de uma sexualidade saborosa”; faz parte da trama? Sim! Não precisam ficar preocupados quanto a isso em Agnus Dei, nada é gratuito, cada personagem, cada situação vai se mostrar importante em algum momento.
E quanto a nossa heroína? Achei uma sábia decisão da autora não explorar a saudade da Julie de sua própria família ou amigos, algo que critico e criticarei em Harry Potter é o fato do Harry sempre ficar se lamentando ser um órfão. E a explicação é simples e lógica, sendo uma vampira a protagonista “perdeu” esse sentimento, daí mais tempo para desenvolver as suas emoções e relações estabelecidas na Aset. Ela lida com as mudanças de forma tão “humana” que simpatizei com suas atitudes. Jules não faz nada alá Jack Bauer e quando é necessário tomar de uma decisão séria diante de uma situação complexa, as escolhas feitas me fizeram dizer: “Tá aí, gostei!”. Julie está longe de ser uma protagonista “amazona” que resolve tudo sozinha e esqueceu sua sexualidade, o que vemos é uma vampira recém-transformada que precisa aprender a lidar com seus novos poderes e encontrar um tempo para viver sua própria vida, sem dramas de “Oh! Vou passar minha vida na escuridão!”; “Oh! Para beber sangue, vou precisar matar pessoas!”, tudo isso se resolve através da própria natureza vampírica que habita nela.
E, para finalizar, se é que ainda não o convenci a ler este livro, para quem é fã de RPG (como a Ju!), tem algo especial no universo criado em Agnus Dei. Ele é inspirado em Vampiro: a máscara. Quem já leu a introdução desse famoso livro de RPG, sabe que ele constrói a linhagem dos vampiros a partir de Caim, como Eragon que trouxe os elfos do universo de Tolkien, a autora fundamenta suas miltologia através deste viés. Permitindo ao leitor, uma certa veracidade diante dos acontecimentos subsequentes ao surgimento dessas teorias no livro. E, novamente nada é gratuito, esse é o gancho utilizado para temos uma continuação.
Em suma, Agnus Dei – A Idade do Sangue, é um livro com vampiros, personagens carismáticos, muita ação e uma trama repleta de traições e reviravoltas. Como seu livro de estreia, a Ju mostra que existem autores maduros e com uma literatura consistente para desenvolver fantasia. Está cansado dos vampiros românticos, bestiais ou dramáticos? Então, eu lhe faço um convite para ler o livro da Ju Costa.
Só uma pergunta para a Ju: “CADÊ A CONTINUÇÃO? EU PRECISO!”
AVALIAÇÃO:
Trechos que o Lucien gostou:
… aquele vampiro se movia devagar demais. Julie conseguia ver claramente cada longo passo que ele dava em direção a eles, conseguia ouvir cada batida do coração de Jason e dos outros quatro homens atrás dele, que a essa altura já estavam no mesmo cômodo que eles, e também já tinham o vampiro sob suas miras. Mas aquilo era irrelevante, porque Julie teve mais do que tempo suficiente de mirar tranquilamente no coração da fera que berrava e avançava sobre eles e atirar, transformando o vampiro em uma gosma de pó e sangue.
Pág. 202
– Morde. – disse ele.
– Não posso. – choramingou ela. Julie estava muito fraca, e a ideia de machucar seu amigo não a agradava.
– Vamos morrer, Julie. Só respire e faça como Maasi disse: siga seus instintos.
Julie ficou em silêncio, encarando o pescoço que Lucas oferecia. Ela não podia ouvir seu coração pulsar, não sentia o formigamento na boca ou ardência na garganta, não sentia o desejo incontrolável por sangue que sentiu naquela noite no esgoto.
Pág. 277
PROMOÇÃO!
Quer ganhar um exemplar do livro Agnus Dei – A Idade do Sangue? Se sua resposta é sim, então você precisa seguir os seguintes passos:
1. Seguir o Leitor Cabuloso no twitter (@cabulosocast)
2. Curtir o facebook do Leitor Cabuloso
3. Deixar um comentário RELEVANTE no post (Nada de “participando” ou “resenha legal”, viu?!)
4. E por último, responder a seguinte pergunta: O QUE VOCÊ FARIA SE EM SEU PRIMEIRO DIA COMO VAMPIRO?
Boa sorte a todos!