“Essa é a história de vampiros que você não pode perder: 15 páginas são suficientes para cativá-lo; depois de 30, você se descobrirá prisioneiro, lendo noite adentro. Um livro com a força dos épicos.” – Stephen King
Foi por causa dessa pequena indicação que comprei A Passagem. Nunca tinha ouvido falar no livro, mas uma história de vampiros recomendada pelo King deve ser boa… né? É sim!
E muito boa por sinal. O livro nos prende e 800 páginas são devoradas rapidamente.
Conhecemos Amy, nossa protagonista nessa história. Ela é uma menina comum – pelo menos parece ser – que desde a infância sofre bastante. É filha de uma mulher que tenta a todo custo sobreviver sozinha e é abatida pela má sorte – e põe má sorte nisso. Amy é deixada aos cuidados de uma freira, Lacey, que sente uma ligação profunda com a menina e deseja a todo custo protegê-la. Em uma visita ao zoológico, Lacey percebe que Amy não é uma simples garotinha, ela é diferente.
— Eles sabem – respondeu Amy, ainda encostada no vidro.
— O que os ursos sabem?
A garota ergueu o rosto. Lacey estava pasma. Nunca vira tanta tristeza no rosto de uma criança, tanto sofrimento, um sofrimento de quem sabe das coisas. E, no entanto, ao examinar os olhos de Amy, não viu medo. O que quer que Amy tivesse descoberto, havia aceitado.
— O que eu sou – disse ela.
Pg. 112
Um alvoroço acontece no zoológico por causa de Amy e elas têm de sair correndo. Na saída, Amy é tomada de Lacey por dois homens, federais. Os agentes Wolgast e Doyle. Eles receberam a ordem de levar Amy até uma base secreta do exército, onde estavam realizando alguns testes. Wolgast não gosta muito da idéia de levar uma criança para a base. Antes, ele era responsável por ir até as prisões de segurança máxima, conversando com homens condenados à morte, lhes oferecendo a liberdade em troca de uma pequena coisa: a vida. Eles seriam usados em um projeto que tinha tudo para ser maravilhoso: O Projeto Noé.
— Deixe-me responder da seguinte forma: já leu a Bíblia?
— Um pouco – Wolgast olhou para os dois – Quando criança. Minha mãe era metodista.
Sykes se permitiu um sorriso.
— Dê uma olhada nela. A história de Noé e a arca. Veja quanto tempo ele viveu. É só isso o que vou dizer.
Naquela noite, de volta ao apartamento em Denver, Wolgast fez o que Sykes havia sugerido. […]
Noé viveu ao todo novecentos e cinqüenta anos, depois morreu.
Pg. 54
O projeto tem o intuito de criar um novo ser humano, melhor, mais forte e que irá viver mais. Certamente é isso que acontece, mas bem diferente do que todos imaginavam.
Wolgast tenta proteger Amy – assim como Lacey, ele sente que deve fazê-lo – mas não consegue e ela é levada até a base para os testes.
Só que, enquanto Wolgast, Doyle e Amy são prisioneiros, o imprevisível acontece: os prisioneiros fogem. Eles são doze ao total. Doze homens que eram condenados à morte e que venderam mais do que a vida ao projeto, venderam também a alma. Eles não são mais o que eram. Não são Babcock, Morrison, Chávez, Baffes, Turrell, Winston, Sosa, Echols, Lambright, Martinez, Reinhardt e Carter. São um só. São os virais, os fumaças, os saltadores, os dracs. E estão com fome.
Era feito de Muitos. Milhares de milhares espalhados como as estrelas pelo céu noturno. Era um dos Doze e também o outro, o Zero, mas seus filhos também estavam com ele, os que carregavam a semente do seu sangue, uma semente de Doze. Moviam-se como ele se movia, pensavam como ele pensava, em suas mentes havia um espaço vazio de esquecimento onde ele estava, em cada um deles, dizendo: Você não vai morrer. Você é parte de mim, como eu sou parte de você. Você beberá o sangue do mundo para me preencher.
Pg. 610.
O livro conta a história de várias pessoas em épocas e lugares diferentes. Ele nos mostra passado e futuro. Em algumas partes a história é contada por meio de diários dos personagens, deixando a leitura melhor em pontos que poderiam ser cansativos.
Eu gostava mais das partes com Amy. Quando ela aparecia a história parecia ficar melhor ainda. É uma personagem e tanto.
Como o livro é o primeiro de uma trilogia, ele acaba deixando pendente algumas coisas. Me deixou ansiosa para ler o próximo.
Não sei se foi uma resenha curta demais para um livro tão grande – não só no tamanho – com tantos personagens e situações. Acho que o melhor de tudo é você ler e descobrir. Descobrir como Amy é especial e essencial para a sobrevivência de todos, da humanidade, do mundo.
NOTA: