Autor: John Grisham
Editora: Rocco
Origem: Americana
Ano: 1999
Edição: 1ª
Número de páginas: 440
Skoob
Sinopse: O que você faria se fosse herdeiro de onze bilhões de dólares? Uma boa pergunta que tem uma eletrizante resposta neste romance de John Grisham. O autor desenvolve a história da família Phelan – do patriarca, Troy Phelan, a seus estranhos herdeiros. Depois de escrever seu último testamento, o bilionário se suicida, iniciando uma batalha onde não faltam alcateias de advogados, repórteres peçonhentos e uma família destroçada pela ambição e pelo dinheiro.
Onde comprar? Livraria Cultura, Livraria Saraiva.
Editora: Rocco
Origem: Americana
Ano: 1999
Edição: 1ª
Número de páginas: 440
Skoob
Sinopse: O que você faria se fosse herdeiro de onze bilhões de dólares? Uma boa pergunta que tem uma eletrizante resposta neste romance de John Grisham. O autor desenvolve a história da família Phelan – do patriarca, Troy Phelan, a seus estranhos herdeiros. Depois de escrever seu último testamento, o bilionário se suicida, iniciando uma batalha onde não faltam alcateias de advogados, repórteres peçonhentos e uma família destroçada pela ambição e pelo dinheiro.
Onde comprar? Livraria Cultura, Livraria Saraiva.
Análise:
O livro se inicia com a leitura do testamento de Troy Phelan, um homem já com idade avançada e bilionário, dono de onze bilhões de dólares para ser mais preciso. A sua imensa fortuna o coloca como um dos dez homens mais ricos dos Estados Unidos e como não poderia deixar de ser atrai muitas pessoas vorazes que anseiam por uma fatia deste bolo.
Dentre seus mais ávidos herdeiros estão suas três ex-esposas e alguns filhos. Troy Phelan é uma figura de humor ácido que nas poucas páginas em que se faz presente nos causa algumas risadas devido às suas considerações acerca dos filhos, com suas vidas desastrosas preenchidas por relacionamentos mal sucedidos e desgraças profissionais, causadas pela incapacidade de gerir com maturidade suas ações. As ex-esposas de Troy também não ficam muito distante quando o assunto é fracasso de vida.
O bilionário Phelan já está cansado de sua vida de luxo, regada a viagens para os mais diversos lugares, muitas mulheres, os mais caros veículos que um homem pode comprar e todo o divertimento imaginável que pode ser realizado com dinheiro. Ele não é exatamente uma figura pela qual possamos nutrir simpatia, uma vez que durante toda a sua vida não fez muita questão de ser um exemplo de ser humano, sendo um pai ausente e um marido com as suas aventuras extraconjugais. Todavia não podemos negar que durante o tempo em que convivemos inicialmente na obra ele ganha nossa admiração pela sagacidade com a qual desnuda a ambição dos seres humanos e seu prazer advindo da luxúria do consumismo. Suas reflexões poderiam muito bem serem usadas para descrever o mundo de consumo desenfreado, intenções mascaradas por trás de supostas “atitudes para a sustentabilidade” e indiferença afetiva e social em relação aos nosso semelhantes.
Como lemos na sinopse, não tardamos em nos despedir do homem saturado da vida Troy Phelan. O seu suicídio, planejado friamente com o intuito de causar um choque em todos ao seu redor e criar um grand finale para um ser humano que viveu cercado de polêmicas, é a largada para a corrida em busca da maior mordida de sua fortuna. Todos os seus herdeiros, auxiliados por advogados de pouquíssimos escrúpulos, começam a arquitetar diversas ações para conseguirem o dinheiro que, imaginam eles, será o passaporte para uma vida de tranquilidade. Contudo uma informação que não era esperada até mesmo pelo advogado pessoal de Troy muda o rumo que a fortuna terá e acaba sendo o combustível que irá gerar uma mudança radical na perspectiva da vida que Nate O’Riley, um advogado com um histórico de problemas com álcool e drogas, tem. Esse foi outro ponto que me conquistou. O livro não se prende ao óbvio nos personagens. Inicialmente alguns podem pensar que o autor irá trabalhar uma perspectiva diferente nos eventos narrados, mas a habilidade de John Grisham que o consagrou como um dos escritores com maior número de vendas age nas páginas pelas quais enveredamos.
As cenas que acontecem em tribunal ou são essencialmente discussões legais não deixam o poder do enredo diminuir. Não há uso de termos jurídicos de significado hermético, o que alguns leitores poderiam esperar de um autor célebre por seus romances de tribunal. John Grisham consegue aliar o tema de disputas jurídicas de maneira encantadora, conciliando-o com os elementos humanos que motivam todas as ações e pontos de alívio estabelecidos nos acontecimentos que envolvem Nate. O tribunal funciona como uma lupa para ampliar o espírito humano, ora explorando seus traços mais sujos e mesquinhos ora iluminando seus traços mais nobres.
O tribunal também é interpretado como uma arena de egos onde todos querem um pedaço maior de sol, mesmo que sejam necessárias algumas negociações de moralidade duvidosa. Uma característica que sempre me incomodou no terreno do direito é a forma como os advogados se relacionam com seus clientes. No livro em muitos momentos somos defrontados com questões de ordem ética como, por exemplo: “Será que é válido mentir e manipular informações para garantir o ganho de uma causa? E se sabemos de uma fraude arquitetada por um cliente devemos ainda assim defende-lo?” Sinceramente desconheço como funciona a relação de ética no sistema jurídico atualmente (caso algum dos leitores saiba ficarei muito agradecido se me explicar), mas posso afirmar que discordo plenamente de qualquer atitude traiçoeira com a finalidade obter vantagem sobre outrem.
O livro nos surpreende com um desfecho inesperado e uma revolução na visão que até o momento prevalece no enredo. O que pensávamos ser o assunto central do livro acaba sendo somente um gancho para o que realmente importa. “O Testamento” é um livro com uma lição muito preciosa em tempos como o que vivemos. Um ensinamento de uma simplicidade gigante, mas que justamente por ser simples passa constantemente despercebido aos olhares de pessoas que se importam mais com “que roupa vou usar para sair hoje à noite?” do que com “como estou me sentindo? Sou feliz?”. Enfim, seja quais forem suas crenças “O Testamento” sem dúvida alguma um daqueles livros que irão lhe deixar pensando por horas e horas e do qual vocês jamais sairão os mesmos. Esse é um livro que fala sobre redenção. Sobre como as pessoas podem corrigir erros bastando para isso primeiro reconhece-los. Cativante! Recomendo! Esse livro merece cinco selos cabulosos devido à maneira como surpreende.
NOTA: