RESENHA: “HISTÓRIAS EXTRAORDIÁRIAS” DO EDGAR ALLAN POE

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Um livro que reúne alguns dos melhores contos de Poe. Nunca tinha lido um trabalho de Poe até esse livro e agora vejo por que ele é tão aclamado. A sua forma de escrita detalhista não atrapalha ou cansa a leitura e muitas das vezes contribui para a cena de horror. Segue um pequeno resumo dos contos. A data se refere ao ano em que ele foi escrito:

 Ligeia (1838) – Um homem que vive em luto pela morte do amor da sua vida passa por uma experiência extenuante ao acompanhar a doença de sua segunda esposa que passa por um evento um tanto estranho…

A meu ver esse é o conto mais fraco do livro, menos emocionante, porém não é ruim. A descrição dos detalhes é precisa e ajuda bastante no desenvolver da história.

Pequena palestra com uma múmia (1845) – Vários homens se reúnem na calada da noite para realizar um feito que há muito aguardam: examinar uma múmia. Qual é a surpresa de todos quando, ao aplicar choques no morto, como parte de uma experiência, ele acorda e discute com todos eles.

O conto mais divertido do livro. É engraçado ver os homens tentando provar que são mais evoluídos do que os antigos egípcios.

A carta roubada (1844) – O comissário da polícia pede ajuda ao culto Dupin para resolver um caso que considera muito simples, mas vem se tornando esquisito: encontrar uma carta.

A forma com que Dupin vê as coisas me lembrou muito Sherlock Holmes. É um conto interessante, com as explicações de como e porque ele conseguiu algo que outra pessoa não pôde.

O gato preto (1843) – Um homem que parece ser dócil e amigável, gosta de animais e sente prazer em estar com eles, é tomado pelo álcool e passa a ter aversão dos bichos, principalmente de Plutão, seu gato. Em um ato desesperado, ele mata o gato enforcado, mas esse ato não finaliza seus problemas, muito pelo contrário…

Esse livro, como vocês podem ver, tem um gato na capa. Realmente um dos melhores contos do livro. Não sei se King usou esse conto como inspiração para escrever O gato dos infernos, mas me lembrou ao ler.

O sistema do doutor Alcatrão e do professor Pena (1845) – Um homem tem curiosidade em visitar um manicômio. Em meio a uma viagem com um amigo, ele lhe apresenta um local, onde fica para passar a noite. Não sabe ele a proporção de loucura que o local atingiu.

 Um conto bem interessante. Não chega a ser de terror é mais divertido em si, mas achei bem inteligente a idéia.

O barril de Amontillado (1846) – Um homem que jura silenciosamente vingança contra um “amigo” que lhe humilhou. Encontrando certa oportunidade, chama o tal amigo para verificar um barril de vinho em sua adega excêntrica.

Um conto que tem um suspense muito bom. Me lembrou mais uma vez de King, acho que isso é inevitável.

O poço e o pêndulo (1842) – Preso em uma sala escura, um homem é atormentado por um pêndulo afiado que a cada minuto fica mais próximo de seu corpo.

Um conto angustiante e certas vezes nojento. Gostei do clima que ele passa e também do final.

A máscara da morte rubra (1842) – Um reino é devastado por uma doença conhecida como “Morte Rubra”. Assustado, o príncipe Próspero reúne a mais alta realeza e se prendem no castelo. Vivem durante alguns meses aproveitando o conforto do local, até que decidem dar uma festa à fantasia. Em meio às máscaras, surge um convidado inesperado.

Conto excelente. O detalhe da festa, do ambiente e da fantasia do convidado é ótimo e dá um clima pesado ao conto.

Berenice (1835) – Um homem que sempre esteve doente encontra o amor de sua vida, Berenice, porém ela também sofre por causa de constantes convulsões. Em uma visão de sua esposa, tal homem fica obcecado de uma forma um tanto exagerada com relação a ela.

Gostei muito do final desse conto, é bem sinistro.

Sombra – Uma parábola (1835) – Um conto pequeno, curto. Sobre pessoas que estão mortas, reunidas em uma sala e recebem uma visita sombria. O conto não me prendeu muito e acho que não entendi o que ele quis passar.

O diabo no campanário (1839) – Uma cidade certinha, onde todas as casas são iguais, os móveis são iguais e até as pessoas são bem parecidas, é perturbada por um garoto fora do comum.

Conto divertido. A forma como as pessoas se apegam a certas coisas inúteis nos faz rir. Acho que é uma anedota com essa situação.

A queda da casa de Usher (1839) – Um homem recebe o pedido de um amigo de infância para visitá-lo, pois ele está muito doente. Ao chegar a casa, descobre que a doença do homem se deve ao fato da irmã do mesmo estar muito doente e prestes a morrer. E então acontece. Ela morre e eles a enterram, mas descobrem tarde de mais que cometeram um erro.

Esse conto carrega um excelente suspense. O clímax no final é ótimo.

O caixão quadrangular (1844) – Ao realizar uma viagem de navio, um homem fica curioso com relação a uma caixa quadrangular que um amigo carrega.

Não imaginei o conteúdo da caixa. É um conto meio frio de sentimentos, exceto por um personagem.

O escaravelho de ouro (1843) – Após encontrar um escaravelho um tanto incomum, dois amigos descobrem que ele guarda um imenso e brilhante segredo.

Não é um conto de terror, como a maioria. É mais como um conto detetive com caça ao tesouro. É o maior conto do livro. Bem interessante.

O coração delator (1843) – Um louco tem certo ódio de um idoso por causa de seu olho leitoso e decide matá-lo. Mas o plano não sai como planejado, pois uma coisa o entrega…

Ótimo conto, pois é nos contado de acordo com o homem louco. Isso deixou as coisas mais interessantes.

William Wilson (1834) – Desde a escola, um homem sofre perseguição por uma pessoa que tem o mesmo nome que ele, nasceu no mesmo dia e tem uma aparência semelhante. Achava tudo isso somente uma enorme coincidência, mas anos mais tarde percebeu que não era somente isso.

Um conto bem curioso. Mesmo após lê-lo fiquei na duvida do que seria realmente. Acho que ele pode ser interpretado de várias formas.

O retrato ovalado (1842) – Uma pintura que mostra uma jovem com aspecto muito realista guarda um sinistro segredo.

Conto muito bom! É curtinho e amei a idéia.

O homem da multidão (1840) – Ao observar o movimento na rua, verificando cada tipo de pessoa, um homem visualiza um senhor que lhe chama a atenção e então passa a segui-lo.

Achei esse conto meio sem sentido – dá a entender que ele segue o velho durante dois dias inteiros sem parar para comer ou dormir – mas carrega uma idéia interessante.

Você deve ter achado estranho – e chato – o fato de começar a sinopse da maioria dos contos como “Um homem”, mas isso se deve ao fato de que todos os contos, em exceção A Máscara da Morte Rubra, são contados em primeira pessoa e em todos eles – posso estar errada – não nos é revelado o nome do protagonista.

Gostei muito da forma de escrita de Poe. Mesmo sendo contos antigos, eles ainda assustam e impressionam.

NOTA:

Ficha Técnica:
Título original: Extraordinary tales
Editora: Companhia das Letras
Autor: Edgar Allan Poe
Tradução: José Paulo Paes
Origem: Estrangeira
Ano: 2008
Número de páginas: 269
ISBN: 978-85-359-1232-6