“Movimento é vida!”, diriam cidadãos da cidade tracionada Londres e não há melhor frase para traduzir esse triller de ficção científica do Philip Reeve. Este é o segundo steampunk que leio e mais uma vez posso dizer que o vapor esta em minhas veias. Não sei como expressar a mágica que existe no uso da tecnologia do vapor, contudo considero que as obras escritas sobre este gênero me fascinam demasiadamente. Mas, eis que estou a tergiversar, onde estávamos? Sim! O Movimento!
Um steampunk de tirar o fôlego!
Mortal Engines é um romance cheio de ação, aventura e muitas intrigas. Nele o leitor encontrará empolgantes cenas de ação (que acontecem a todo o instante e deixam a leitura rápida e interrupta), além de conter uma trama bem interessante focada no mistério e na motivação dos seus personagens. Gostei bastante das reviravoltas, sempre me surpreendendo no momento certo e dando mais dinamismo ao livro.
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A linguagem do autor é clara e não existem exageros descritivos o foco é a história e seus protagonistas. Fora que quem se debruçar sobre suas páginas verá a tecnologia a vapor empregada nos mais diferentes modos desde as gigantescas Cidades Tracionadas, passando por dirigíveis, barcos e acreditem, até robôs.
E por falar em cidades tracionadas…
O mundo de Mortal Engines é muito peculiar. Os tracionistas, como são chamados os que vivem nas cidades que andam, pouco sabem da nossa antiga civilização. Não é à toa que chamam a tecnologia dos antepassados de “Old-tec” e fazem menção a “guerra dos sessenta segundos” e como a guerra mudou o mundo como o conhecemos hoje. Se pararmos para pensar é bem curioso que as guerras antigas recebessem nomes de “batalha dos mil dias”, “guerra dos 100 anos”… e com o avanço tecnológico se houvesse uma Terceira Guerra Mundial esse conflito global iria se revolver em poucos segundos.
As Cidades Tracionadas são sustentadas pelo Darwinismo Municipal, um conceito que justificaria a necessidade de cidades devorarem outras cidades. Daí, logo no início do livro, vemos Londres perseguindo uma pequena cidade de mineradores. E que perseguição! Como o Campo de Caça, nome dado ao local onde as cidades costumam devorar umas as outras, anda escasso aquela pequena cidade seria uma presa muito esperada, já que Londres não se alimentava há muito tempo. Durante a narração da perseguição senti-me dentro da cidade torcendo junto com seus co-cidadãos para que a gigantesca cidade devorasse logo sua presa.
É importante que se diga que o mundo vive uma época de grande escassez de caças, mesmo a soberba Londres andava escondida evitando entrar deliberadamente no Campo de Caça para não ser devorada por cidades maiores. E ainda existe um grupo, a Liga Antitracionista, que discorda da lei do Darwinismo Municipal e provoca atentados as Cidades Tracionadas.
Nem tudo são flores (ou vapores)
Minha única crítica a obra é com relação a personalidades dos principais envolvidos na trama. Sem sombra de dúvida você já os viu em outras obras. Cheguei a pensar se não seria o jeito “inglês” de escrever. Pois, os personagens são muito semelhantes aos dos romances de Neil Gaiman, outro escritor inglês. Veja que disse “romances” no plural, tendo em vista que Gaiman também abusa do estereótipo. Mesmo assim , a trama se sustenta com eles e em momento algum achei que eles não se encaixariam naquele mundo. Houve até um momento em que comecei a torcer por um determinado casal que surge no meio da aventura. Mas como expliquei mais acima o foco narrativo é a aventura.
Recomendo a leitura desse fantástico livro, pois para quem procura um bom romance de ficção científica repleto de ação e com boas reviravoltas na trama pode comprar Mortal Engines que tenho certeza que não irá se decepcionar.
Nota
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Dados
Editora: Novo Século (1 de janeiro de 2011)
Idioma: Português
ISBN-10: 8576794314
Dimensões do produto: 22,8 x 15,8 x 1,8 cm
Peso do produto: 481 g
Sinopse:
O livro conta a história de Tom Natsworthy, um Aprendiz de Terceira Classe da Guilda dos Historiadores, da cidade de Londres que é governada pelo misterioso Prefeito Magnus Crome. Tom é apresentado, em circunstâncias nada honrosas, ao seu grande herói Thaddeus Valentine, um ex-varredor que passou a Historiador-Chefe depois que descobriu algo no Out-Country que agradou muito ao prefeito. O que nosso protagonista não sabe é que depois desse encontre e de salvar a vida do seu herói de um atentado por uma jovem desfigurada chama Hester Shaw sua vida iria mudar completamente.
Citações
“- Londres, Londres! – ele (Tom) gritou juntando sua voz aos “vivas” e gritos de todos os outros na plataforma, e que após alguns momentos, foram recompensados pela visão de uma das rodas de Salthook se soltando.”
Pág. 17
“- Tem certeza disso?
– Eles caíram para fora da cidade, Crome.
– Isso não quer dizer nada. Estamos viajando sobre um chão mole; eles podem ter sobrevivido. Você deveria ter enviado homens para checar. Lembre-se, não sabemos o quanto a garota sabia a respeito do trabalho da Mão. Se ela contasse a qualquer outra cidade que nó temos a MEDUSA antes de estarmos prontos para usá-la…”
Pág. 43