Conclui a leitura do último livro recentemente e aqui estou para falar sobre “a trilogia que não é trilogia” do senhor Christopher Paolini. O nosso blog mostrou a capa do último livro do Ciclo da Herança, Inheritance (ou na tradução literal “Herança”). E agora vamos comentar sobre os três livros anteriores Eragon, Eldest e Brisingr e descobrir o que ocorreu na vida do personagem homônimo do primeiro livro Eragon depois que ele descobre o ovo de dragão e torna-se um Cavaleiro de Dragão. A tetralogia Ciclo da Herança é publicada no Brasil pela editora Rocco.
AVISO HÁ SPOILERS NOS TEXTOS!
LIVRO UM – ERAGON
O homônimo conta a história do jovem Eragon. Um camponês que vive no vale Carvahall com o tio e o primo Roran. Enquanto caçava, Eragon vê uma luz muito forte e quando chega ao local de sua emanação vê ali postado uma pedra enorme parecendo diamante, como sua família é pobre ele decide levar a tal pedra para casa e vendê-la a alguém do seu vilarejo, contudo ninguém se interessa pela jóia e alguns até almadiçoam o artefato. Decidido a negociar com os mercadores que visitam o vale de Carvahall trazendo mercadorias que eles não conseguem produzir Eragon guarda-os, mas naquela mesma noite ele começa a ouvir barulhos estranhos vindos de dentro da pedra, eis que ele descobre a verdade que iria mudar sua vida por completo: não se tratava de uma jóia e sim de um ovo! Quando eclode, ele decobre ser um ovo de dragão e que seu futuro seria ser o seu Cavaleiro de Dragão…
Esse primeiro livro é muito bom! Uma leitura rápida e uma aventura fantástica. É interessante vermos como o mundo de Alagaësia é apresentado a nós leitores, a copilação feita por Christopher Paolini é muito interessante ao mesclar outras mitologias já criadas e usar essas idéias para sedimentar seu universo em vez de criar tudo do zero (como se isso fosse possível). Ele não nega suas referências, muito pelo contrário faz questão de ressaltá-las e mostrá-las como “alternativas”, como assim? Explico-me: Eragon lembra muito Luke Skywalker, sim! Querem as comparações? Luke vive com os tios, Eragon também; Luke quer sair da Tatooine, Eragon támbém deseja sair de Carvahall; Luke não sabe quem é seu pai, Eragon também não; Luke descobre que seu destino é tornar-se um cavaleiro Jedi, Eragon, torna-se Cavaleiro de Dragão; Luke perde seu lar e seus tios são mortos, Eragon também; nesse período entre a descoberta do destino e a fulga de Tatooine, Luke conhece seu mentor Obi-An Kenobi, Eragon também conhece Brom…, mas isso é positivo, pois me soa como “Como seria Luke Skywalker no período medieval”?
LIVRO DOIS – ELDEST
Depois do terrível combate contra o espectro Durza, Eragon vence, mas como conseqüência recebe uma terrível cicatriz nas costas que o impede de combater, é nesse momento que ele decide que irá a Ellesméra, o lar dos elfos, onde uma misteriosa voz o convoca. Chegando lá, Eragon descobre que não é o único Cavaleiro de Dragão, além de Galbatorix, mas que a misteriosa voz pertence a Oromis, o cavaleiro de Dragão que treinou Brom e Galbatorix. Agora com Brom morto, Eragon conta com seu novo mestre para instruí-lo e concluir o treinamento iniciado por Brom. No período em que permanece em Ellesméra, Saphira, o dragão de Eragon recebe também treinamento de Glaedr, o dragão de Oromis…
i
Um dos melhores livros! Muita ação e muitos eventos importantes na vida de Eragon. Voltando as coincidências entre Eragon e Luke? Luke também perde Obi-Wan Kenobi e consegue um novo mestre para treiná-lo, Mestre Yoda. É um livro muito interessante e coloca Eragon em situações que testam sua capacidade de Cavaleiro de Dragão, porque muito mais do que “um guerreiro que livrará toda a Alagaësia da opressão de Galbatorix”, ele exerce um papel político sendo obrigado a respeitar e corroborar com dos os povos sejam eles humanos, elfos, anões, dragões… Eragon é disputado e ao mesmo tempo temido por ser o último Cavaleiro saudável capaz de enfrentar o terrível Império (sim! Paolini chama o reinado de Galbatorix igualzinho ao do Imperador de Star Wars). Por isso, ficam evidentes já neste livro que apesar de tantas coincidências em Eldest o autor começa a impor seu ponto de vista sobre o destino do seu personagem, por outras palavras, é neste livro que igualmente começamos a perceber as diferenças entre O Ciclo da Herança e as outras obras que com ela dialogam (Senhor dos Anéis, Star Wars e Harry Potter).
Neste livro também começamos a ler sobre a história de um personagem que simplesmente desapareceu do primeiro: o primo de Eragon, Roran. O jovem que havia saído de casa para trabalhar como ferreiro retorna e descobre que o vale Carvahall está sendo sitiado pelos Ra’zac e que estes desejam incendiar o local, por achar que estão escondendo o, até então desconhecido, Cavaleiro de Dragão. Ao descobrir que seu tio está morto e seu primo desaparecido, Roran assume o papel de líder e começa a treinar o povo do vale para enfrentar o exercito de Galbatorix é nesse confronto que surge a lenda de Roran, Martelo forte!
LIVRO TRÊS – BRISINGR
Eragon está abalado com a traição de Murtagh (um jovem que ele conheceu no livro um e que o acompanhou durante toda a jornada, provando ser um exímio espadachim), além disso ele descobre que ambos são filhos de Morzan, o líder dos Renegados e que ajudou Galbatorix a destruir a Ordem dos Cavaleiros e para piorar e mesmo rouba-lhe Zar’roc, a espada que Brom havia entregue a Eragon. Outro ponto-chave deste livro é que sabemos o quanto Galbatorix é poderoso, pois não só fez com que Mutargh se tornarsse um guerreiro muito mais poderoso, mas também seu dragão, Thorn eclodisse do ovo e crescesse rapidamente. Após a terrível batalha, Eragon encontra Roran e ambos decidem salvar a noiva deste, Katrina, que foi levada pelos Ra’zac.
Nasuada, líder dos Varden (exército que deseja derrubar o tirano Galbatorix) também passa por suas provações pessoais ao enfrentar Fadawar, líder de Surda, no desafio das Facas Longas pelo controle dos surdanos. Muitos outros personagens passam por diversas provações neste livro.
Temos outra relação com a série Star Wars: Eragon promete ao seu mestre, Oromis, que retornará a Ellesméra na intensão de concluir seu treinamento, e quem é que volta para Dagobah para concluir o treinamento com Mestre Yoda, sim! Luke Skywalker. Contudo, no terceiro livro (que como disse na Dica de Leitura, deveria ser o último) Christopher Paolini conseguiu tornar sua leitura lenta e cansativa. Existem diversas partes com descrições dos costumes de cada povo e muitas vezes pequenas viagens dos personagens são transformados em longos capítulos onde em muitos casos em nada acrescentam a história, mas apenas servem para conhecermos mais Alagaësia. No entanto, esse prolongamento excessivo teve uma conseqüência muito semelhante a do último filme de Indiana Jones (A caveira de cristal) o final tornou-se muito corrido sendo quase uma seqüência de fatalidades; posso afirmar que levei quase três semanas para passar da metade do livro, porém um dia e meio para ler as últimas 200 páginas, devido a isso.
Destaque para Roran. O personagem evolui muito e em vários momentos chegou a considerá-lo muito mais hábil do que
Eragon que é o personagem principal da trama. Por demonstrar coragem, capacidade de liderança e muito mais determinação do que o protagonista, Roran rouba a cena e em muitas partes é o alívio para as excessivas descrições de costumes e rituais espalhados pela obra. Outro ponto, que conta a favor do primo de Eragon, é exatamente aquele que deveria lhe ser o ponto fraco: o fato de Roran não possuir poder algum. Pois mesmo com essa limitação, ele consegue feitos fantásticos usando de perícia e destreza. Em determinado capítulo, ele derrota cerca de 300 soldados sozinho usando uma estratégia a lá 300 de esparta, encurralar todos num beco de modo que os enfrentasse um a um.
Mesmo assim, o livro consegue alcançar o seu objetivo que é nos levar a conclusão da história de Eragon, Cavaleiro de Dragão (e também conhecido como Matador-de-Espectros). Sabemos de onde Galbatorix retira seus poderes e vemos como Eragon aproxima-se cada vez mais do inevitável conflito. Para os fãs da série, é uma leitura imprescidível e que supre as dúvidas que surgiram nos dois primeiros livros.