[Resenha] Juca Pirama: marcado para morrer

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Pintura de um homem com roupas formais e escuras e um cachecol vermlho, segurando uma faca e em posição de luta. Em primeiro plano, o título do livro, e na base o nome do autor.
Pintura de um homem com roupas formais e escuras e um cachecol vermlho, segurando uma faca e em posição de luta. Em primeiro plano, o título do livro, e na base o nome do autor.

Em Juca Pirama: marcado para morrer, de Enéias Tavares, acompanhamos Juca em seu mais novo trabalho: guarda-costas de Cassandra e Cecília Gouvêa, herdeiras de um dos barões do café mais importantes da capital paulistana. O desaparecimento de Petrônio Gouvêa em circunstâncias misteriosas deixou as jovens nas mãos de industriais inescrupulosos que visam tomar seus negócios. Será que Juca conseguirá protegê-las para que não tenham o mesmo destino do pai? O que as mulheres Gouvêa escondem (por que todo mundo esconde alguma coisa)? E o que o pobre Juca pode fazer contra uma conspiração maligna envolvendo uma antiga divindade arcana?

São Paulo dos Bravos Bandeirantes, 1907

Bem-vindos à São Paulo do Bravos Bandeirantes, carinhosamente conhecida como São Paulo dos Passantes Apressados, coração financeiro dessa terra de meu deus. Aqui temos a mais avançada tecnologia que está disponível até o ano de 1907. Carruagens autônomas? Confere. Edifício com três andares? Confere. Zepelins cruzando os céus? Confere também. E como em toda metrópole que se preze, temos gente rica metida a besta e desigualdade social, afinal esse é o mundo real, senhores.

Contudo, estou aqui para lhes apresentar uma pessoa no meio das mais de 300 mil almas que compõem a nossa pauliceia. Se você prestar atenção, e é obvio que não vai fazê-lo, pois estará passando apressado pelas ruas de São Paulo, possivelmente lendo seu jornal e preocupado com o preço da saca de café, se você for rico, ou preocupado com a falta de dinheiro e alimento, se for pobre. Mas, se você prestar atenção nos vários personagens sem rostos que compõem a classe menos afortunada da cidade, talvez então perceberá um sujeito com um sorriso nos lábios, uma gaita na mão e algum gracejo pronto. Talvez ele esteja acompanhado de crianças, que você obviamente vai querer distância por medo de que alguma delas afane sua carteira, mas não deixará de lhes oferecer um trocado para que alguma delas carregue suas compras quando estiver visitando o Mercado Municipal.

Contudo, voltemos o foco para o nosso personagem. Se você não conseguiu encontrá-lo ainda, talvez por estar distraído pelo cheiro dos produtos vendidos no mercado, ou bela beleza das moças que vendem outros tipos de serviços, você pode procurar por um sujeito com as roupas rotas e uma cartola.

Viu… uma cartola faz toda a diferença.

Juca Pirama

Talvez o nome de nosso heróis não lhe seja estranho. Você já deve tê-lo ouvido nas aulas de português, enquanto seu professor apresentava o poema de Gonçalves Dias e você prestava atenção em qualquer outra coisa do que no poema em si. Eu sei, também fiz isso.

Mas nosso Juca não é o mesmo Juca do poema do Gonçalves Dias (ou talvez seja uma reencarnação e a gente não sabe?).

Pois bem, este é Juca Pirama. Malandro de plantão, protetor das crianças sem lar, pugilista e mestre da luta com facas, iniciado nas artes da magia e, se restou alguma dúvida, o herói da nossa história (por que todo mundo precisa de heróis). E se você leu o poema do Gonçalves Dias (e se não leu essa é sua chance, pois ele está incluso no final do livro) verá que, mesmo com suas falhas, ambos os Jucas possuem uma força que os move. E essa força, essa vulnerabilidade, essa paixão é o que torna ambos tão humanos.

Juca Pirama é um personagem falho. Não falho no sentido de mal escrito, o Enéias Tavares sabe criar personagens maravilhosos, mas falho no sentido de que comete erros. Ele é passional, ele tem um código moral que não necessariamente seja considerado moral pelos outros, e, o que considero mais admirável no personagem, ele quer fazer a diferença. Ingênuo? Talvez. Mas como escreve Felipe Reis no prefácio do livro: “Juca Pirama é um ingênuo. Todos os heróis são. E talvez seja isso que os faça tão diferentes dos vilões”

“Ora, ele era quem era e nada mudaria seu sorriso petulante, seu olhar afiado e sua propensão à música, aos gracejos e às rodas de samba. Mas não custaria nada tentar, não é mesmo?”

Brasiliana Steampunk

Juca Pirama é personagem na série “À Todo Vapor”, idealizada por Enéias Tavares e Felipe Reis. Ela faz parte do mundo fantástico criado por Enéias batizado de “Brasiliana Steampunk”, onde personagens clássicos da literatura brasileira são recriados em histórias retrofuturistas cheias de ação, aventuras e suspense.

 

Nota

Cinco selos cabulosos. A maior nota do site.
Cinco selos cabulosos. A maior nota do site.

 

 

 

 

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Ficha técnica

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Nome: Juca Pirama marcado para morrer
Autor: Enéias Tavares
Editora: Jambô
Edição: 
Ano: 2019
Páginas: 191
ISBN: 9788583651147
Sinopse: O desaparecimento de um importante barão do café deixa a capital em polvorosa e suas filhas, Cassandra e Cecília Gouvea, nas mãos de ambiciosos e inescrupulosos industriais que desejam tomar seus negócios. Para garantir que o futuro delas não seja o mesmo do pai, um improvável segurança é contratado para protegê-las. O que este herói não esperava era encontrar duas mulheres mais enigmáticas do que ele supunha e uma conspiração maligna envolvendo uma antiga divindade arcana.