O que classifica alguém como herói um vilão? Os fins justificam os meios? Esses são alguns questionamentos presentes no livro Vilão (V. E. Schwab). A obra acompanha Victor e Eli, dois jovens brilhantes que se conheceram na universidade e juntos descobriram que, sob determinadas condições, as pessoas eram capazes de desenvolver habilidades extraordinárias. Tal descoberta é um divisor de águas na vida e na amizade deles.
Logo no início do livro, sabemos que Victor acabou de fugir depois de passar dez anos preso e que ele e Eli são agora inimigos. E, para montar esse quebra-cabeça e descobrir o que aconteceu, a obra vai e volta no tempo, mostrando o presente e quando os personagens se conheceram, dez anos antes.
Tal estratégia, assim como a alternância dos pontos de vista, é o que torna a jornada de leitura mais interessante, pois gera curiosidade para saber o que de tão grave foi capaz de romper o laço entre eles. É muito legal como, a princípio, as narrativas do passado e do presente não se encaixam, até que tudo começa a fazer sentido e o livro é elevado a um outro nível.
Quem é o vilão?
“Alguém poderia muito bem se dizer um herói e mesmo assim sair por aí matando dezenas de pessoas. Outro poderia ser rotulado de vilão por tentar impedi-lo. Muitos humanos eram monstros, e muitos monstros sabiam fingir humanidade. (p. 286)”
A opção pela narração em terceira pessoa onisciente foi acertada, pois é o que nos permite conhecer os sentimentos mais profundos de cada um e também gera o questionamento de quem é realmente o vilão ao qual se refere o título da história. Mas bons livros não dão respostas prontas e caberá a cada um refletir a partir do que é apresentado ao longo da história.
Para enriquecer ainda mais a leitura, vamos tomando conhecimento das motivações de Victor e Eli, e uma das formas que isso é feito é apresentando um contraponto entre ciência e religião. Eli acredita em Deus e Victor é ateu, e as crenças (ou a falta delas) moldam toda a jornada dos personagens, pautando inclusive a forma como encaram os ExtraOrdinários (ou EO, como são chamadas as pessoas que adquirem as habilidades).
É interessante como a autora mostra a possibilidade de manipular aquilo que se acredita para justificar toda e qualquer ação — desde perseguir os EO, até usá-los como ferramentas para se chegar a um objetivo. Para além da fé e da ciência, isso também vale para a mania de Victor de riscar os livros a dar a eles novos significados. Ao modificar um um texto (muitas vezes dando a ele o sentido contrário), ele também exerce uma forma de controle da realidade.
Cada detalhe importa
É muito gratificante perceber como V. E. Schwab pensou em cada elemento da história de forma que ela ficasse coesa. Toda a explicação de como se adquire o poder e o que influencia qual habilidade será desenvolvida dá uma nova camada de complexidade à história e enriquece a leitura.
Os personagens secundários são tão bem desenvolvidos quanto os protagonistas e a presença deles acrescenta muito à história. Cada um tem seu papel e sua importância, o que só reforça o cuidado da autora na hora de escrever.
“Vilão” é o tipo de livro que não se abandona após a última página. A história fica rondando na cabeça por muito tempo, e cada hora um novo detalhe vai fazendo sentido. E esse é o poder das grandes narrativas: gerar reflexões e modificar quem tiver contato com elas.
Nota

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Ficha Técnica:
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Nome: Vilão
Autora: V. E. Schwab
Tradução: Flavia de Lavor
Edição: 1ª
Editora: Record
Ano: 2019
Páginas: 364
ISBN: 9788501113726
Sinopse: Uma história sobre ambição, inveja, desejo e superpoderes, da autora da série Tons de Magia.
Victor e Eli, dois jovens brilhantes, arrogantes e solitários, se conheceram na Universidade de Merit e logo se deram bem, identificando um no outro a mesma sagacidade e a mesma ambição. No último ano da faculdade, o interesse em comum numa pesquisa sobre adrenalina, experiências de quase morte e poderes sobrenaturais lhes oferece uma possibilidade antes inimaginável: de que uma pessoa, sob as condições certas, seja capaz de desenvolver habilidades extraordinárias. No entanto, quando colocam em prática essa teoria, as coisas dão muito errado.
Dez anos depois, Victor foge da prisão, determinado a encontrar seu antigo amigo ― agora inimigo. Para localizá-lo, ele conta com a ajuda de uma garotinha, Sydney, cuja natureza reservada esconde uma habilidade sem igual, mas extremamente perigosa. Enquanto isso, há dez anos Eli tem uma única missão: erradicar todas as pessoas ExtraOrdinárias que encontra ― exceto sua ajudante, Serena, uma mulher enigmática e persuasiva, capaz de impor sua vontade a qualquer um.
Armado com poderes terríveis e movido pela lembrança da traição e da perda, Victor caça seu arqui-inimigo em busca de vingança e de um embate no qual sabe que um dos dois deve morrer.
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