Oh L’amour Parte 8 – Sobre identidade e alteridade

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Vejo muitas pessoas perderem-se ou abrirem mão do que são, do que fazem por causa de estar ao lado das pessoas oueu e o outro serem mais bem aceitas. Isso, além de ser uma falta de tapa na bunda, é um tanto confuso, pois se você não é você… a pessoa namora com quem?
Vamos combinar que se fosse pra namorar iguais, espelho é mais barato e dá menos trabalho… Mas enfim, até eu já cometi esse erro e não estou aqui para julgar ninguém.
Estou aqui para uma discussão filosófica sobre a formação da identidade.

Como compreendemos o outro, o mundo, o livro

O professor me disse durante uma aula que Parmênides disse:

“TUDO É”

Ou seja as coisas simplesmente existem e são Imutáveis.

Nisso têm-se que as pessoas são. Simplesmente. A Giul é a Giul.

Porém, logo em seguida ele também disse que Heráclito disse:

“é impossível entrar no mesmo rio duas vezes”

Aqui temos o extremo, de que tudo muda.

Assim, a Giul que você encontra hoje já não será a mesma amanhã…. (e que ótimo que posso pensar que sou assim!).

Entre o estático e o mutante está a criação da identidade do ser humano, porque tudo é igual e diferente ao mesmo tempo. Uma árvore é sempre uma árvore, mas ela se modifica ao longo do tempo. Nós nos modificamos e passamos a entendê-la de uma outra maneira.
Portanto, a árvore é a arvore, porém diferente da árvore que conhecemos. A Giul é sempre a Giul, porém ela estará diferente cada vez que você encontrar com ela. A parte incrível é acompanhar essas mudanças e deixar-se modificar por elas.

Isso acontece muito com a leitura quando nos damos a chance de ler o mesmo livro inúmeras vezes. Cada vez que leio “Dom Casmurro”, consigo ver uma nova loucura em Bentinho e dou ainda mais razão para Capitu que, a meu ver e em 5 leituras, ainda não pode ser acusada de traição. O livro é o mesmo, nós o modificamos porque não somos mais os mesmos em relação a ele.

Esse é um conceito que gera bastante discussão sobre a formação da identidade e da relação do eu com o outro.Bakhtin

Para Bakhtin, o eu só existe a partir do outro. Ou seja, é o outro que me constitui. Temos, portanto, toda uma formação social. Você não é o que você é, mas sim o que o outro faz com que você seja.

Isso se chama ALTERIDADE.

Deixar-se constituir e constituir-se através do outro e pelo outro. Com o outro.

Deve ser daí que vem o conceito de COM – Vivência e, convenhamos, conviver é uma experiência singular e pode ser deliciosa!