Elric de Melniboné é, junto com Conan: O Barbaro, um dos mais icônicos personagens do gênero Espada e Feitiçaria. Um personagem importantíssimo da literatura de fantasia mundial. Mas não se sinta mal por nuca ter ouvido falar dele, pois Elric foi sumariamente ignorado pelo mercado brasileiro, pelo menos, até agora.
Eu sempre fui um grande fã de Conan e aqui e acolá, durante minhas pesquisas, encontrava menções a esse misterioso Elric. Suas ilustrações eram sempre a de um guerreiro albino em uma armadura negra e montado em um dragão. Sua imagem já era algo que chamava muito a atenção, por isso eu fiquei curioso a seu respeito. Até encontrar um conto do Neil Gaiman (um nome onipresente em tudo o que eu escrevo nesse site) no livro Fumaça e Espelhos sobre o personagem (tudo bem que o conto não é exatamente sobre Elric, mas ele estava lá).
Elric é cheio daquilo que, para mim, define um bom personagem: defeitos. Ele é o imperador de Melniboné, um pais militarista que prega a superioridade racial de seu povo sobre todos os outros povos do mundo. Uma mistura de Esparta com a Alemanha nazista. Embora Melniboné ainda seja uma potência mundial, ela já está distante do seu apogeu. Eles ainda possuem seus imensos navios de batalha, mas a tecnologia para construir novos se perdeu. Ainda possuem magia, mas não existem mais feiticeiros poderosos como no passado. E como se isso não bastasse, seu imperador é um jovem albino, de saúde frágil, que se tivesse nascido em qualquer outra posição social que não fosse o herdeiro do Trono de Rubi, teria sido sacrificado ao nascer.
Não sendo capaz de grandes proezas físicas, Elric dedicou sua infância aos estudos, o que o fez resgatar parte do conhecimento de feitiçaria perdido do passado e o que lhe deu uma visão sobre a sociedade que entra em conflito com a da sua cultura. Ao assumir o trono depois da morte de seu pai, Elric precisa constantemente provar que pode ser o governante poderoso e impiedoso que seu povo tanto quer. Embora alguns, como seu primo Yyrkoon, não o considerem digno de sua posição.
A Traição do Imperador mostra a origem do personagem e a apresentação de seu mundo. A edição da Generale está primorosa, trazendo vários detalhes de diagramação que deixam o livro muito bonito, ela veio com capa dura e uma belíssima arte. Só tenho elogios para o cuidado que eles deram a essa edição.
Quanto a narrativa, ela é surpreendentemente fluida para um texto da década de 1970. Alguns pontos negativos que eu posso dar são para a história em si. A Traição do Imperador não é a primeira, nem a melhor, história de Elric, ela é a primeira em ordem cronológica. E aqui nós vemos o personagem ainda imaturo e muitas vezes ingênuo, tentando ser uma pessoa boa e um governante justo, em um mundo que só dá valor a força. Ao longo da história Elric vai aprendendo sobre sua própria força e como lutar contra aqueles que querem tirar vantagens de sua ingenuidade, mas antes de isso acontecer, ele toma uma série de decisões ruins e até frustrantes.
Ainda assim, Elric precisa ser lido, não só por sua importância, mas por ser uma ótima história de fantasia, com um personagem marcante e singular.
Eu já contei que ele tem uma espada mágica devoradora de almas? Irado, não é?
NOTA:
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Submarino
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Autor: Michael Moorcock
Origem: Estrangeira
Edição: 1ª
Editora: Generale
Ano: 2014
Páginas: 184
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