[Coluna] Oh! L’amour Parte 5 — Sobre o amor e a individualidade e a polifonia

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Esses últimos dias em que discuti horrores com um dos amores da minha vida (sim um dos, porque eu amo várias pessoas de maneiras diferentes e sim isso é absurdamente possível… Mas será tópico de outro texto) e estava lendo “Problemas da Poética de Dostoiévski”, encontrei, na análise literária ou linguística alguma coisa de bom para ajudar a entender as pessoas e os livros. Vindo de quem vem, deve ajudar! (hahaha)texto5

Nunca antes havia analisado o amor pelo viés da polifonia de Bakhtin, mas eu também sou ser humano, também me irrito, também choro e é isso aí! (E quem não curtiu vá fazer análises formais e estudar monofonia ou discurso monológico). E o melhor, eu, assim como todo mundo, discuto com pessoas que tem ideias diferentes das minhas, diferentes opiniões, diferentes personalidades… Porém sempre me policio para não me expressar mal e tentar entender o outro. Posso até não concordar, mas o entendimento independe da concordância.

E lendo o tal do Dostoiévski, ou a análise de Bakhtin sobre “os irmãos Karamazov”, percebi que não somos assim tão diversos da realidade literária dele. E olha que a realidade artística dele é cruel hein? Mas nunca vi algo retratar tão bem o humano e todas as suas contrariedades. Já tinha lido esse livro há tempos, mas acho que não tinha maturidade literária (olha que conceito interessante) para entendê-lo.

A polifonia dentro de um romance consiste em dar equipolência de voz a todos (e repito— TODOS—) os personagens. Ou seja, nenhuma opinião ou ideia se sobressai às outras porque aquele personagem é um rei e o outro é um cozinheiro. Eles “brigam” de igual para igual e dentro de suas individualidades.

Cada personagem étexto51 um universo particular que se choca com tantos outros… Muitas vezes complementando-se!
Assim é a literatura e assim é o amor!
Quando o amor vira uma arena, é necessário, algumas vezes, que haja então a polifonia, para que haja um entendimento e para que sejam respeitadas as vontades, já que a vontade também é uma forma de expressão individual que deve ser respeitada e, de alguma maneira, afeta o outro.

Acredito que a polifonia pode ser uma parte interessante e integrante do amor (e estou falando somente de amor por enquanto e não de poliamor). Apesar do choque de ideias (e isso é o que a torna mais interessante) eles são iguais e individuais o tempo todo, o que me levou a pensar mais uma vez nas possibilidades de singularidades e pluralidades… E o tanto de possibilidades que existe no meio disso tudo… Entre o EU, o tu e o mundo!