Ler um quadrinho, para mim, implica o somatório de duas coisas: uma arte condizente com a narrativa (descarto, portanto a exigência de um traço belo e limpo, pois em muito casos a história pede um traço estilizado e até certo ponto sujo) e uma história cativante que me faça querer o volume 2 assim que as páginas do volume lido começam a se esgotar. E foram estas duas sensações que encontrei em Steampunk Ladies: Vingança a Vapor, quadrinho publicado pela editora Draco.
Com roteiro de Zé Wellington e desenhos de Di Amorim e Wilton Santos, este quadrinho 100% brasileiro conta a história de Marisol e Sue, duas mulheres que vivem no velho Oeste, e que por circunstâncias adversas, são obrigadas a se unirem para combater a quadrilha dos Irmãos Bolton liderados pela Lady Delillah. Mas a história não se resume a istoN, há um discurso muito importante sobre liberdade da mulher, sendo que a sexualização excessiva das mulheres fortes da história acaba por enfraquecer essa mensagem.
Porém, as duas protagonistas são muito bem desenvolvidas. Os motivos que as levam a buscarem suas próprias vinganças são justificados. Outro ponto que conta a favor é que Zé Welliington não as deusifica. Tanto a Marisol quando a Sue têm seus arcos e dessa forma, como já foi mencionado, ambas querem vingança, mas o porquê de desejarem se vingar e o que estão dispostas a fazer para alcançarem seus objetivos pode surpreender o leitor.
A narrativa é muito bem fechada. Suas 70 páginas fluem muito bem e conseguem transmitir, com velocidade de um
bom thriller de aventura, a veracidade desse mundo onde a tecnologia a vapor é usa para criar armas e maquinários surpreendentes. É possível também perceber que esse mundo de Steampunk Ladies tem tudo para se expandir. Não apenas pelo gancho deixado ao longo da história, mas pelo fato de que a tecnologia presente existe e as possibilidades para explorá-las são infinitas. Fora que é uma história que qualquer leitor se sentirá à vontade para ler. Não é um trama fechada em um nicho ou que precise de referências prévias para ser compreendida. Se você sabe ou não o que é movimento Steampunk isto não compromete a sua leitura.
Outro aspecto que sempre ressalto quando falo de qualquer produção da Draco é quanto a qualidade da edição. A encadernação e a impressão são belíssimas. Destaque para as cores – trabalho de Ellis Carlos – que tornam o visual ainda mais impactante e o uso do preto e branco (ou talvez sépcia, não sei precisar) quando há um flashback. Além disso é preciso falar do traço dos dois artistas que casam perfeitamente com esse conjunto da obra. A dupla Di Amorim e Wilson Santos se alterna ao longo do quadrinho. As diferenças nos desenhos – mesmo que sutis – são perceptíveis, mas não prejudicam, muito pelo contrário ajudam a narrativa a ser conduzida em harmonia.
Nota:
Steampunk Ladies: Vingança a Vapor é quadrinho nacional de qualidade que traz uma narrativa aventuresca que explora elementos dos clássicos filmes de West e Steampunks. É amarrado com um discurso importante sobre a emancipação da mulher, mas perde ao usar a mulher como símbolo sexual em seu visual. Traz um diagramação fabulosa com uma arte que auxilia a narrativa e cores que saltam aos olhos deixando o velho Oeste muito mais desafiador. É uma leitura recomendadíssima para leitores apaixonados por uma boa história ou que desejam se iniciar no universo Steampunk e não sabem por onde começar.
Ficha técnica:
Autor: Zé Wellington
Desenhistas: Di Amorim e Wilson Santos
Cores: Ellis Carlos
Letras: Deyvison Manes
Origem: São Paulo
Ano: 2015
Número de páginas: 72




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