[Coluna] A dor cria um escritor

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Existem muitas coisas que podem atrapalhar escrever: Falta de tempo, procrastinação, crise de criatividade. Mas dentre os agentes “inimigos” talvez os mais cruéis sejam as doenças com a velha conhecida dor física e sofrimentos psicológicos.
Antes de mais nada vamos acabar logo com a visão romântica sobre o sofrimento.
Beijar debaixo d’água parece ser muito romântico e bonito quando vemos as imagens de um clipe musical ou de uma propaganda qualquer onde dois amantes nadadores se encontram dentro de uma piscina para promover uma pasta de dente ou qualquer outro produto. Só Deus sabe o motivo de ter pessoas submersas se beijando para vender pasta de dente, mas o fato é que respirar debaixo d’água enquanto não se tem controle total da boca pode ser bem pouco romântico. Se afogar gravando esta cena repetidas vezes pode ser um sofrimento bem diferente da imagem produzida.
Existem coisas que parecem glamourosas, mas na verdade não são nada românticas nem divertidas e muito menos glamourosas. Uma delas é o mito do poeta e escritor que sofre romanticamente e produz uma obra prima irretocável. Graças ao período do romantismo literário a figura do escritor, que “precisa” ser sofredor, se tornou um dos arquétipos de escritores.

Charles Bukowski

Charles Bukowski foi um poeta e escritor ímpar. Ele adorava fumar, beber, sexo e tudo que estava inversamente posicionado com o sofrimento humano. Seus excessos, é claro, trouxeram invariavelmente dor e uma vida breve.
Este senhor contraditório é o autor da frase do título desta coluna e analisando sua vida poderíamos dizer que ele não fazia o tipo de escritor sofredor. Embora alguns amigos meus afirmem que todos os excessos do velho beberrão tratam-se exatamente de uma forma de catarse dos seus sofrimentos íntimos, tenho a opinião que, de uma forma ou de outra, ele fazia realmente de tudo para fugir da dor física ou emocional, e o que o nosso velho bêbado preferido estava querendo dizer com a frase é que a dor, e também toda a vivência humana, são matéria prima para o bom escritor.
Não significa que a dor seja obrigatória. Sinceramente eu não recomendo a dor como um “método” para se formar escritores e nem mesmo estou fazendo uma apologia da “sofrência” como uma forma para acalçar qualquer forma de arte.
A dor é inevitável para todos os seres humanos. Existe uma condição genética raríssima que faz com que alguns poucos indivíduos não sintam dor física, mas mesmo estes raríssimos casos sentem dor emocional e algum tipo de sofrimento psicológico.
“Pain is inevitable, but misery is optional. We cannot avoid pain, but we can avoid joy.” (“Dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional. Nós não podemos evitar a dor, mas podemos evitar a alegria.“)
Esta é uma frase do escritor Tim Hansel retirada de seu livro motivacional “You gotta keep dancin“.

A tal da Escrita Terapêutica

Existe toda um método de terapia chamado escrita terapêutica. É muito usado no caso de dores crônicas e outras doenças ligadas ao sofrimento humano. A escrita é uma forma de desabafo. Uma maneira de colocar para fora os sentimentos de um sofrimento que de outra forma ficaria preso. A escrita terapêutica realmente funciona e eu recomendo a todos que experimentem.
Mas, deve-se ter bom senso.
Dor, sofrimento é coisa séria! Deve ser tratado com apoio de médicos e também psicólogos. Nem pense em seguir sem ajuda. Escrever pode ajudar nos tratamentos. Mas a escrita deve ser forma de motivação que não subsisti de forma alguma medicamentos e acompanhamento profissional e especializado.
Antes de prosseguirmos, vou ilustrar a minha experiencia sobre o assunto dor e escrever:

“É como um ferro incandescente sendo enfiado em meu olho…”
Este vídeo é uma peça publicitária que conscientiza sobre a terrível dor da Cefaleia em Salvas. É incrível como, mesmo alguns profissionais de saúde, ainda desconhecem esta dor e os socorros primários necessários durante uma crise. Trata-se de uma dor tão intensa que recebeu o apelido de enxaqueca suicida.
Infelizmente, eu possuo Cefaleia em Salvas. Na última crise eu rangi os dentes com tanta força que parti meu molar inferior direito. Eu o engoli, provavelmente, e só me dei conta disso depois da crise passar. É uma dor de cabeça implacável e de uma intensidade difícil de descrever. Ela ocorre no fundo de um dos olhos e costuma retornar, em salvas, em ondas repetidas e repetidas e repetidas vezes.
A espera entre as crises causam um misto de desespero e depressão. A palavra tortura perde o significado. É como mergulhar no inferno e no entanto voltar vivo para mais uma vez mergulhar no inferno.
Felizmente, respirar oxigênio puro aplaca as crises. Infelizmente, nem todos os profissionais dos Pronto Socorros parecem entender este simples cuidado e os pacientes, incluindo eu, quando estão em crise ficam em um estado um tanto quanto impossível de explicar calmamente o que se deve fazer.
O que eu recomendaria para quem passa por isto? Bem, um dia depois de partir um molar com a crise, eu escrevi mais um capítulo do meu livro sobre alegres palhaços mágicos.
Escrever é, de certa forma, terapêutico. Mas que me perdoem os românticos da dor, eu preferiria não ter esta experiencia!
A escritora Lady Sybylla e a escritora Clara Madrigano concordaram em responder uma pequena entrevista sobre o assunto. O objetivo é entender como outras pessoas superam e convivem com o sofrimento. Vejam bem, não é uma visão romantizada, mas também não é uma visão fatalista do assunto. É possível vencer qualquer obstáculo para escrever. Até mesmo o obstáculo do sofrimento.

 Os caminhos da dor de Lady Sybylla

Pergunta: Lady Sybylla, fale um pouco sobre seu trabalho com a literatura inclusiva.
Tudo começou com o que me incomodava e com o que eu queria ler: mais mulheres em posições de liderança, menos estereótipos sobre as minorias. Percebi que estava com dificuldade de achar livros em que mulheres ou negros, ou gays, não estivessem em posições subalternas, rodeando o herói, sempre homem-branco-pegador salvador da galáxia. Eu queria ver mais inclusão e dessa indignação surgiram trabalhos e propostas, como o Universo Desconstruído, além dos posts no blog.
Pergunta: E por que a ficção científica?
Sou fã de FC há muito tempo. E percebi que este é um gênero que pouco trabalha com inclusão. Temos sempre o mais-do-mesmo, com pouca variação de um livro ou filme para o outro. Tudo o que aponta uma diversidade é duramente rechaçada, como podemos ver com casos recentes do Hugo Awards, dos Sad Puppies e do Gamergate. Por ser um gênero que, geralmente, mostra o futuro, o futuro que temos é assustador ao sempre mostrar um grupo étnico, um gênero, uma cultura… E não deveria ser assim.
 Pergunta: Pode nos descrever a natureza de sua dor crônica? O que e como aconteceu?
Eu já vinha tendo dores nas costas e pressão sobre o nervo ciático desde 2007, quando eu trabalhava numa loja. Acredito que o problema todo começou lá, pois eu trabalhava na revistaria da FNAC e era um trabalho muito pesado. Em 2008, eu ingressei na rede estadual de ensino e em 2010 eu me afastei por dores nas duas pernas e na região lombar. A coisa piorou muito rápido, cheguei a fazer uma infiltração e depois uma artrodese, com a colocação de 4 parafusos e duas hastes de titânio nas vértebras L5 e S1. Eu voltei a andar, mas como tive complicações na cirurgia e no pós operatório, minha recuperação foi muito lenta. Me restou uma dor muito forte no quadril e em seguida uma hérnia de disco na cervical que pressiona o nervo do meu braço direito.
Pergunta: Como se sentiu quando soube que iria operar e que a dor poderia continuar crônica?
Eu fiquei aliviada num primeiro momento, mas depois de tudo o que aconteceu pensei ‘por que fiz essa cirurgia?’. Porque a recuperação vem sendo difícil. Tento ver de maneira positiva, pois antes eu não andava e agora eu ando. Mas viver com dor não é algo que alguém goste.
Pergunta: Que mudanças você teve que enfrentar para se adaptar a esta nova realidade?
Antes eu trabalhava com dor, sem pensar duas vezes. Quando você precisa do dinheiro acaba se sujeitando. Hoje eu não faço mais isso. Nenhum emprego no mundo vale nossa saúde. Eu evito pegar peso e vivo corrigindo minha postura. Cadeiras e sofás têm almofadas para apoiar a coluna e não posso sair de casa sem remédio pra dor na bolsa. Subir escadas é difícil, então eu evito também.
Pergunta: Você hoje sente dor continuamente? Existem crises que ela se intensifica?
Eu tenho dor todos os dias. Alguns dias são tranquilos, ela não é tão forte, em outros ela é insuportável. Mas eu não sei o que é ter um dia sem dor. Quando não é a lombar, é minha cervical que me causa uma dor de cabeça cervicogênica insuportável. Às vezes eu acordo de madrugada com dor. Tomo um remédio e espero fazer efeito pra dormir de novo. O frio costuma piorar consideravelmente essas dores. Me sinto rígida.
Pergunta: A coluna causa enxaqueca (tensional) ou são duas dores independentes?
A dor na lomba me causa dores no quadril, e os nervos pressionados na cervical me causam da dor de cabeça cervicogênica, que pega toda a parte posterior da cabeça até a linha acima dos olhos. Nos dias em que está mais forte, eu tenho náuseas e até problemas pra enxergar.
Pergunta: O que você faz na hora mais escura? Como mantem a calma? O que você diria a si mesmo no passado pra te ajudar a superar o momento mais crítico?
Eu tento conter minha irritação, pois as pessoas ao meu redor não têm nada com isso. Mas às vezes tudo o que eu quero é ficar sozinha, quietinha e quentinha num canto. O que eu diria pra mim mesma é pra ir buscar um médico. Tenho certeza que se tivesse cuidado da coluna antes, quando o problema não era tão sério, eu não estaria nessa situação agora.
Pergunta: Sua dor causa ou já contribuiu para você ter alguma vez depressão? O que você diria para alguém nesta situação?
Nunca fui diagnosticada com depressão, porém sinto que não procurei ajuda por negligência minha. Têm dias que não consigo sair da cama e nem quero. O médico com quem eu faço acupuntura me receitou fluoxetina, que me ajudou por um tempo, mas é um remédio muito caro e não posso pagar por ele. A quem estiver se sentindo na mesma situação, busque ajuda, busque acompanhando médico. A dor não pode nos bater. Dor é um mecanismo de defesa do corpo, não um estado permanente e ninguém merece viver assim.
Pergunta: Como as pessoas ao redor deveriam agir quando você tem uma crise de enxaqueca?
Bem… eu gostaria que fosse com compreensão e silêncio, mas às vezes não é assim que acontece. Têm dias que o toque do telefone é insuportável. O barulho de uma sacola, a campainha. São coisas do cotidiano que são mínimas, mas que já são o suficiente pra rachar a cabeça de dor.
Pergunta: Como você faz se tiver de escrever e a dor está muito intensa?
Eu não faço nada. Eu simplesmente paro e tento aliviar a dor. Um banho quente, um analgésico forte, deitar são coisas que me ajudam muito.
Pergunta: Prefere escrever ou revisar com dor?
Se é uma dor moderada, a dor de sempre que não me incomoda muito, eu consigo trabalhar. Caso o contrário, eu tomo remédio e deito. Faço muitos alongamentos também, isso me ajuda.
Pergunta: Você usa remédios para ajudar? Já ouviu falar no perigo de superdosagem? (Tive problemas com o paracetamol, quando estava no pós crise. A dor tensional e 4 gramas de paracetamol quase me causaram hepatite)
Eu já tomei muita coisa pra dor. Muita. Lyrica e Gabapentina são muito fortes, eu quase caí da escada duas vezes sob o efeito deles. Eles agem diretamente nos nervos e é como ficar dopado. O médico então mudou para uma versão ‘light’, que é paracetamol com codeína, mas eu já cheguei a exagerar na dose de remédio e me preocupa muito tanto a superdosagem quando o vício em analgésicos. Então, quando a dor está leve a moderada, eu simplesmente não tomo nada. Eu tomo apenas quando a dor é gritante. Eu deveria tomar três por dia, tomo dois de uma vez e nada mais.
Pergunta: Existe algum método ou receita que você usa para se recuperar do pós enxaqueca/dor espinhal?
Especialmente para a cabeça e para o pescoço, bolsa de água quente e chá quente me ajudam. Como a dor de cabeça cervicogênica atinge a parte posterior da cabeça, beber chá me ajuda a relaxar. Bolsa de água quente ou um banho quente também. Faço muitos alongamentos no pescoço e ombros que também ajudam.
1375950_533829133376468_507565129_nVocê pode conhecer o trabalho de Lady Sybylla no site MomentumSaga.
E-pub universo desconstruído gratuito:
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A experiência de Clara Madrigano e a dor psicológica

Pergunta: Clara Madrigano, fale um pouco sobre seu trabalho como escritora. Como você iniciou na Literatura?
Clara – Da maneira mais comum possível: como leitora, apaixonada pelos mundos que outros criavam e tentando fazer parte da festa. Escrevi algumas fanfics; não tenho talento para a coisa e desistia depois de alguns capítulos. Mais do que mexer com personagens de outros, desde cedo eu sabia que queria criar os meus próprios, e assim começou: uma história patética atrás da outra, uma imitação descarada por vez, até achar minha própria voz, até sentir que o que eu escrevia era meu e não apenas um derivado.
Pergunta: Eu notei que muitos trabalhos seus são em Literatura de Terror. O que te atrai para este tipo de literatura? É notável que uma escritora com Síndrome do Pânico escreva sobre terror. Você acha que isso possa ser uma catarse, uma forma de desabafo ou uma forma de lidar com isto. Ou não?
Clara – Nunca cheguei a fazer uma ligação. Mesmo antes de ter qualquer crise, quando eu ainda era criança, adorava filmes de terror. Adorava de uma forma quase masoquista: sabia que eles não me deixariam dormir de noite, mas tinha que ver, não resistia e obviamente essas experiências formaram parte da minha bagagem criativa.
Pergunta: Pode nos descrever a natureza da Síndrome do Pânico para as pessoas que não entendem este tipo de sofrimento?  O que e como aconteceu?
Clara – A síndrome é um medo meio difícil de se explicar, justamente por não ter uma origem específica. Eu posso dizer: “tenho medo de tubarões”, e a razão se faz razoavelmente justificável; tubarões têm muitos dentes, tubarões podem te atacar, pessoas já morreram em encontros com tubarões. Eles não são inerentemente maus, são apenas animais, mas há razões para se temê-los, para se tomar cuidado. Dizer o que é a Síndrome do Pânico é bem mais complicado: é o medo de nada, e de tudo, ao mesmo tempo. Você nunca sabe o que vai provocá-la; pode ser uma sala cheia de estranhos; pode ser a sala da sua casa, vazia, apenas você, e de repente aquele silêncio se torna algo sólido, te revira por dentro, sua respiração fica pesada. É combater um inimigo que não está lá; que só está dentro de você.
Pergunta: Segundo a OMS a Síndrome do Pânico afeta 2% da população mundial. Apesar disso existe muita incompreensão e desconhecimento. O que você gostaria que as pessoas fizessem e soubessem sobre o assunto quando você está em uma fase ruim provocada pela Síndrome?
Clara – Gostaria de mais compreensão. Acho que todo mundo com uma doença mental quer mais compreensão. Muitas pessoas podem ver como má-vontade a minha hesitação em fazer certas coisas (pegar um avião, ou mesmo sair de casa), mas não é que eu não queira, não é que eu não queira viajar, encontrar amigos, abraçar as pessoas. Acontece que há ocasiões em que o medo me paralisa e não consigo lutar contra ele. É algo que só eu posso vencer; tento não colocar o peso nas costas de mais ninguém. Mas pegarem na sua mão ajuda. Alguém dizer “estou aqui” sempre ajuda.
Pergunta: Que mudanças você teve que enfrentar para se adaptar a esta nova realidade?
Clara – Deixar de ir ao cinema provavelmente foi uma das mudanças mais drásticas, para mim, que sempre amei filmes. Mas logo no começo, quando as crises eram fortes, eu não conseguia ficar em uma sala de exibição. Passava mal, achava que morreria, saía correndo do meu assento e ficava sentada no corredor, respirando fundo e esperando passar (embora nem sempre passasse). Desistir de uma faculdade também foi um golpe duro: foi antes de eu ser diagnosticada e não entendia porque eu, uma adulta, estava com medo da sala de aula, porque a mera ideia me causava pavor. Perdi anos da minha vida por causa da ansiedade, anos de oportunidades deixadas de lado, porque eu não compreendia a ansiedade.
Pergunta: Existem crises com níveis variados que ela se intensifica e existem momentos tranquilos ou dentro de cada calmaria ainda existe um pouco de pânico?
Clara – Existem dias em que não sinto nada; me sinto forte e calma. E aí existem dias em que, quando a noite vai chegando, o pânico se apodera de mim. Ou a perspectiva de algo novo: uma viagem. Em primeiro momento, aceito a notícia com felicidade, mas pouco a pouco o monstro sem nome vai se formando dentro de mim, trazendo o pânico de volta, me dizendo que não posso fazer aquilo.
Pergunta: O que você faz na hora mais escura? Como mantêm a calma? O que você diria a si mesmo no passado pra te ajudar a superar o momento mais crítico?
Clara – Parece coisa de autoajuda, mas procuro controlar a respiração e pensar em coisas positivas. Recorro aos calmantes como última opção. Desde que comecei o tratamento, consigo reverter as crises com mais eficiência, já não me deixo ser tragada para o lodo.
Pergunta: A Síndrome do Pânico causa ou já contribuiu para você ter alguma vez depressão? O que você diria para alguém nesta situação?
Clara – Logo no começo, quando fui diagnosticada, entrei em uma fase depressiva. Achava que não havia muito propósito em nada e ficava na cama o dia inteiro, apenas esperando o dia passar. Para alguém enfrentando o mesmo, eu diria: “Você não está sozinha.” Depressão e Síndrome do Pânico são tratáveis, há ajuda para isso e você deve buscá-las. Nunca recuse ajuda. É difícil, mas admita que tem o problema e use como munição para vencê-lo. Dizem que conhecimento é poder e é verdade! Meus momentos mais escuros sempre foram aqueles em que eu não sabia o que estava acontecendo comigo.
Pergunta: Como as pessoas ao redor deveriam agir quando você tem uma crise repentina?
Clara – Eis um bom começo: não entrar em pânico. Já estou cobrindo a cota de pânico de todos. Falem comigo ou apenas segurem minha mão. Não há muito que as pessoas que estão de fora possam fazer, num sentido prático, então empatia é a chave: entender que você tem o problema e mostrar que elas estão do seu lado.
Pergunta: Como você faz se tiver de escrever e a SdP está intensa?
Clara – Escrever me acalma. É uma das minhas armas contra as crises. Quando escrevo, sinto que estou no controle e é difícil o pânico conseguir quebrar minha armadura.
Pergunta: Se tivesse que escolher e não pudesse fugir disto você preferiria escrever ou revisar com SdP?
Clara – Não tenho experiência em revisar no meio de uma crise; provavelmente coisa boa ou profissional não sairia daí. Prefiro enfrentá-la escrevendo.
Pergunta: Você usa remédios para ajudar?
Clara –  Sim. Mas entendo que nem todos os níveis de ansiedade necessitam de medicamentos, por isso, antes de achar que remédios vão resolver o problema. o primeiro passo é procurar um médico.
Pergunta: Existe algum método ou receita que você usa para se recuperar depois de uma crise?
Clara – Acredite: ver filmes ruins.
Pergunta: Na produção dos texto sua experiência com a SdP já rendeu algum resultado positivo?
Clara – Não sei se chamaria de positivo, mas conviver com o pânico certamente me fez entender medo de um jeito bem mais profundo, o que serve quando preciso escrever a respeito.
12780_10153617351789572_2826419851404820264_n Clara Madrigano é escritora, jornalista e tradutora, finalista premiada do concurso de roteiros promovido pelo produtor da BBC John Yorke. Entre suas histórias publicadas estão “A toca das fadas,” a novela “Especial Natalino” e o conto “Ainda há música,” o último parte da coletânea Imaginários Vol. 6, da Editora Draco.