“Na manhã seguinte, eu estava duro, dolorido e morrendo de fome – mas estava vivo, e mais determinado do que nunca a chegar ao fim da minha missão. Não havia chegado até aqui e sobrevivido a tudo isso só para desistir agora. Essa é a mais pura verdade.”
Esqueça todas aquelas histórias sobre sonhos que só funcionam porque a criança está doente. Esqueça aquele clichê que tudo conspira ao favor e que mesmo sabendo que enfrenta pesadelos assustadores demais, a criança doente está sempre sorrindo – feliz da vida por estar respirando ainda.
Histórias assim podem até funcionar para muitos leitores, mas entram naquela esfera de que tudo tem que funcionar perfeitamente.
E personagens humanos não são perfeitos. Eles se irritam, questionam, perdem a paciência, têm vontade de lutar mas também podem ter vontade de desistir. E é aí que tudo realmente funciona. Porque a vida é assim: tudo junto e misturado, onde mesmo quando tentamos acertar estamos sujeitos a errar. E mesmo quando somos felizes podemos ficar tristes. E mesmo quando estamos morrendo podemos querer escalar uma montanha. E mesmo tendo família e amigos, podemos querer apenas a companhia de nosso cachorro para enfrentar nossos obstáculos. E isso tudo é perfeito assim. E essa é a mais pura verdade (como diria Mark).
Um pouco sobre a história
Mark é um garoto comum que tem pais amorosos, uma melhor amiga chamada Jessie e um cachorro chamado Beau.
A vida de Mark é como a vida de todas as crianças: ele sonha, quer brincar, tem que ir à escola e provavelmente fazer aquelas coisinhas chatas do dia a dia como comer e dormir no horário. A única diferença é que Mark está doente, muito doente.
Apesar de todas as internações, remédios, tratamentos, dores e falta de cabelos, Mark detesta aparentar ser diferente. Ele sabe que é como todo mundo, só não entende – afinal – porque as pessoas não vêem isso.
Quando fica sabendo que o câncer voltou e que terá que enfrentar tudo de novo, Mark percebe que é hora de enfrentar as coisas de uma forma diferente: é hora de realizar o seu sonho e escalar o Monte Rainier.
Para isso, ele se prepara e coloca em sua mochila sua câmera fotográfica antiga, um caderno e uma caneta para escrever seus pensamentos em forma de poemas haicais, equipamentos básicos para a escalada, alguns remédios, um pouco de dinheiro, uma passagem de trem (só de ida, claro!) e seu cachorro.
E Mark vai. Ele deixa todo o resto para trás.
Como o próprio subtítulo do livro afirma: “Nunca é tarde demais para viver a maior aventura da nossa vida.”
Minha opinião
“A Mais Pura Verdade” é o livro de lançamento do escritor Dan Gemeinhart. Em minha opinião, ele iniciou bem (e muito bem!) a sua carreira literária.
Ao ler a sinopse do livro pela primeira vez, pensei em diversas possibilidades. Seria mais um sick-lit? Mais uma daquelas estórias onde o protagonista tem que estar morrendo de câncer e por isso a gente acaba se apegando a ele ou mais uma daquelas estórias onde a criança sai em busca de uma cura? Talvez seja um daqueles livros onde a criança foge e quando está quaaaase chegando onde acha que quer chegar (claro que está longe, afinal é uma criança, pelo amor de Deus!) o mundo vira do avesso – ou ele volta, ou acham ele ou ele simplesmente morre. Será que é só mais do mesmo?
Na-na-ni-na-não! Não é nada disso!!!
“A Mais Pura Verdade” é um livro sobre viver. Sobre sonhos sim, mas sobre pessoas de verdade. Sobre uma ótima aventura, mas uma aventura que foi decidida de última hora e foi enfrentada pelo simples querer.
Mark pode estar doente, mas não é por isso que ele resolveu escalar a montanha. Você pode até querer abraçá-lo ou mandá-lo para casa quando ele está com dor, mas nem por um momento você sentirá pena do “pobre garotinho com câncer”. Mark não é o câncer. Mark é humano. É amigo da Jessie, filho de seus amigos, o amor de Beau e o seu novo próximo melhor amigo.
Minha opinião? Ponto para o autor!
Análise Crítica
O livro não é grande, mas é suficiente. Ao todo existem 13 1/2 capítulos, que se dividem entre a história narrada em primeira pessoa por Mark e os acontecimentos paralelos que envolvem sua família e sua amiga Jessie, narrados em terceira pessoa. Entre eles existe a divisão de capítulo que marca também a distância do nosso amigo até o final de sua mega aventura. Amei a diagramação dessas páginas: são negras, com o desenho similar ao da capa. Realmente muito bonito!
As folhas são amareladas e as fontes são pretas. O tamanho é excelente e o espaçamento permite que a leitura seja contínua e nada cansativa.
Gostei da forma como o autor escreve: é possível se identificar com alguns pensamentos de todos os personagens. É tão envolvente e de forma tão sutil que parece que você está conversando mesmo com Mark, sentado ao lado de uma xícara de café enquanto ele te conta tudo o que está acontecendo.
É, na verdade, reconfortante conhecê-lo.
Por fim, eu não poderia deixar de citar sobre a capa: não sei porque é azul (porque todos os livros que envolvem câncer parecem tendenciar ao azul?), mas é um azul lindo. Pode-se ver o garoto chamando seu cachorro e o cachorro a ele respondendo, afastados por uma fissura. Ao seu redor, pelo posicionamento das árvores, provavelmente estão em uma montanha. O que mais encanta nessa imagem simples é que nada parece separá-los, apesar daquele buraco enorme entre os dois. A lombada e a contra capa são em verde e o que mais gostei é que a sinopse não está ali. No verso você encontrará um pequeno guia intitulado “Fazendo a mala para a maior aventura da minha vida”.
Minha reação quando vi isso? Parei imediatamente todos os livros em andamento, coloquei minha mochilinha nas costas e fui atrás de Mark e Beau.
No final, acho que eu mesma acabei pensando em meu próprio Monte Rainier.
Nota

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Nome: A Mais Pura Verdade
Autor: Dan Gemeinhart
Edição: 1ª
Editora: Novo Conceito
ISBN: 9788581636337
Ano: 2015
Páginas: 224
Sinopse: A Mais Pura Verdade
Em todos os sentidos que interessam, Mark é uma criança normal. Ele tem um cachorro chamado Beau e uma grande amiga, Jessie. Ele gosta de fotografar e de escrever haicais em seu caderno. Seu sonho é um dia escalar uma montanha.
Mas, em certo sentido um sentido muito importante , Mark não tem nada a ver com as outras crianças.
Mark está doente. O tipo de doença que tem a ver com hospital. Tratamento. O tipo de doença da qual algumas pessoas nunca melhoram.
Então, Mark foge. Ele sai de casa com sua máquina fotográfica, seu caderno, seu cachorro e um plano. Um plano para alcançar o topo do Monte Rainier.Nem que seja a última coisa que ele faça.
A Mais Pura Verdade é uma história preciosa e surpreendente sobre grandes questões, pequenos momentos e uma jornada inacreditável.

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