[Devaneios] Comida de Dedo

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A língua é um organismo vivo que sofre mutações o tempo todo. E não é única: pode até receber o mesmo nome, mas esse abrange dezenas e dezenas de dialetos, sotaques, expressões e tudo mais, que a torna multifacetada e em constante evolução. Nesse ínterim, é leviano condenar qualquer forma peculiar de usar a língua, seja utilização de palavras estrangeiras ou as abreviações e gírias típicas da internet.

Ainda assim, vamos falar um pouco sobre o uso de palavra em inglês no nosso dia a dia. Eu não me posiciono contrariamente a isso de maneira nenhuma. Há certas palavras e expressões que já estão incorporadas ao português, fazem parte do cotidiano de todos, e há novas palavras em utilização que trazem algo novo e bom. Mas há outras que são muito questionáveis. E é ai que a história começa.

Fui a um casamento recentemente, e estava fenomenal. O ambiente, as pessoas, o casal de amigos tomando esse passo importante na vida e…. a comida! Não comida propriamente dita, mas canapés diversos, com frios, camarões, bacon, os ingredientes mais diversos em pequenos petiscos de sabor único e muito originais. Eles passaram servindo nas mesas e depois alguém avisou que estava liberado para ir ao buffet se servir da “finger food“.

Não entendi nada a princípio, mas logo deduzi que os petiscos eram a tal “finger food“. É ai que começa o problema, ou ranzinzice, como queiram. Não há a menor necessidade de chamar esse tipo de coisa de “finger food” quando há diversas palavras em português que se aplicam perfeitamente. Não adiciona nada linguisticamente, é até mais comprido que canapé, por exemplo. Ou petisco.

Soube também que, na Comic Con XP, a se realizar em São Paulo, as ruas do evento serão chamadas de “alleys“. Porque? Por que nos Estados Unidos é esse o nome dado. Como era de se esperar, aliás. Afinal, em um país de língua inglesa é natural que usem a palavra nativa. O que não é natural é importamos esse termo como se tivesse algum significado a mais ou adicionasse algo ao evento que a palavra beco ou corredor não seriam capazes de fazer.

O interessante é observar que a utilização desses termos passa por uma questão sócio-cultural de glamourização de produtos e serviços. Afinal, não fica bem chamar aqueles petiscos chiques e muito gostosos de petisco mesmo ou de canapé, né gente? E aquele trailer de lanche gourmet então? Não dá pra ser só um trailer. No mínimo um “food truck“.

 

E você, o que pensa a respeito? Qual o limite para se utilizar termos estrangeiros na língua, se é que há um limite? Quais outros termos em uso atualmente se encaixam nos pontos que critico acima? Comentem!

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