[Cinema] O Jogo do Exterminador (Ender’s Game) | Crítica

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Trailer:

Se você leu minha resenha sobre o Jogo do Exterminador sabe que gostei muito do livro, por isso é muito difícil ver o filme como uma obra separada, acabei comparando os dois e pensando como poderia ser melhor, então se você espera uma crítica totalmente separada do livro, uma análise somente do filme, essa crítica não irá lhe agradar. Tanto que vou separar o post em tópicos mostrando as grandes diferenças que poderiam ser melhor trabalhadas.

1 – Relacionamento Ender x Peter (amor e ódio)

No livro vemos que o relacionamento de Ender com seu irmão Peter é muito conturbado. Peter o odeia por ele ter ficado com o monitor durante tanto tempo, mas vemos que ao mesmo tempo ele o ama a sua maneira. No filme, aquela cena da brincadeira de Humanos x Formics é rápida e mostra só um Peter maldoso por si só. Era uma cena que poderia nos fazer odiar Peter pela sua insistência e mostrar porque Ender teme tanto em se tornar como o irmão. Porém Peter acaba parecendo só um adolescente chato e invejoso.

2 – A briga na escola

Pra começo de conversa no filme não é uma escola normal, é como um quartel onde as crianças já são treinadas. A briga que acaba levando Ender para a Escola de Combate não tem metade do impacto que deveria ter. Sabe o que faltou? Violência. No livro fica claro que Ender age com total frieza, mas no filme ele demonstra medo e suas ameaças são rasas e falsas. Não acho que uma ameaça daquelas faria os garotos se afastarem. Faltou o sangue jorrando da boca do garoto no chão. Bem, faltou emoção.

3 – A Escola de Combate e o isolamento

Aquele isolamento do livro onde sentimos pena do Ender e por vezes até esquecemos de que se trata de uma criança é quase nulo no filme. Ender rapidamente consegue o apoio de vários colegas (incluindo Bernard, que na verdade nunca se torna um amigo de Ender). A sensação de que tudo aquilo acontece para que Ender seja um líder não existe. Ele é tratado como um igual no filme o que definitivamente não deveria acontecer. Ele é diferente, ele é o líder e as crianças o tratam dessa maneira no livro, o respeitam, vêem ele como o comandante e não como um amigo.

No exército Salamandra, onde Bonzo pede para ele ficar de lado e não atrapalhar, em uma primeira batalha ele já desobedece e era como se nem tivesse tentado. Ender fica parecendo um simples revoltado com a autoridade. Se tivessem gastado mais tempo nessas batalhas, mostrando os pensamentos de Ender (não sei porque os filmes tem tanto receio de mostrar os pensamentos dos protagonistas) veríamos um garoto diferente do que nos foi apresentado.

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4 – A pressão

Quando Ender se torna capitão do seu próprio batalhão, ele é forçado de várias maneiras. Tanto ele como seu time são levados a exaustão com batalhas todos os dias e até duas vezes no dia. No filme há somente uma batalha de madrugada contra dois times. Outra coisa que poderia e deveria ter sido melhorada. Talvez mostrando as várias batalhas de forma rápida e como todas as vitórias de Ender fizeram todos odiá-lo o que leva inclusive a briga com Bonzo.

5 – Graff, o vilão

Precisavam de um vilão no filme (os formics não se apresentaram como vilões, explico mais tarde) e colocaram o coronel Graff nesse papel. Ele aparece como um homem meio louco pela vitória que não se importa nada com os garotos que treina. Aquele estresse que ele sente em tratar um garoto dessa forma, o amor que ele sente por Ender, não existe.

6 – Mazer Rackham

O herói que derrotou os formics no passado, há 50 anos está vivo e treina Ender. Como? Não é explicado. O ansível é mencionado, mas não como ele funciona.

7 – A vitória

No livro a vitória de Ender é algo estrondoso. As pessoas que assistiam a batalha se jogam no chão e choram e toda a terra comemora o fim dos Formics. No filme é algo triste. Eles já transformam os formics desde o início em vítimas e por isso a vitória contra eles é desde o princípio um erro. Faltou a comemoração, faltou mostrar que derrotar os formics era algo que parecia realmente necessário: ou nós ou eles. No filme ficou parecendo que a guerra se devia a loucura e ganância do alto escalão.

O filme conta com um ótimo elenco que faz boas interpretações e visualmente é muito bom, porém faltou profundidade. Ele não chega nem perto de toda a profundidade que o livro têm, todo aquele peso. Sei que esse post ficou parecendo uma fangirl revoltada e peço desculpas, mas não vi outra forma de comentar sobre o filme. Foi um livro que me marcou e é um pouco triste ver que a adaptação ficou tão fraca. Pensei comigo mesma: e se tivesse visto somente o filme, teria vontade de ler o livro? E a resposta foi não. O filme como adaptação foi muito raso, infelizmente.

NOTA:

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Gêneros: Ação, Aventura, Sci-fiAno: 2013Diretor: Gavin HoodElenco: Asa Butterfield (Ender Wiggin), Harrison Ford (Coronel Graff), Hailee Steinfield (Petra Arkanian), Abigail Breslin (Valentine Wiggin), Ben Kingsley (Mazer Rackham).