[Conto] Exploração

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ISADORA

marte1

por Guilherme Venâncio Magalhães

 – LOGO MAIS VOU SABER o que poderá acontecer a ele, já partiu a um dia com sua minúscula mochila contendo poucos suplementos e algumas mudas de roupa…

Isadora registrava em seu gravador os dados da viagem, o que já tinha virado um costume. Seus relatos e os de seu companheiro eram o de mais importante que avia na viagem.

– Nada de sinal, tentei muitas vezes e já desisti. Insisti muito para ir junto, mas ele  não quis. Disse apenas que seria necessária aqui. Enlouquecidamente quer ver o que há do outro lado.

– É um louco, no terceiro dia e ainda não voltou. As lendas que vimos sobre o que iríamos encontrar não nos davam respostas tranquilizadoras, só falavam em morte. O povo deste lugar não se atreve a aparecer nem onde estou acampada. Continuo esperando, procurando um sinal!

A cada hora que se passava, ficava cada vez mais nervosa, se maldizendo por não ter insistido mais, em ir com ele.

– Que droga! Onde você está nesse momento, vou me aprontar e procurá-lo.

– Subida bem íngreme, perco facilmente o fôlego, porque me convenceu a fazer isso Guilherme? Se não fosse você, hoje eu estaria tranquila em minha casa na terra e não em um planeta completamente estranho, a procura de uma civilização perdida. Será que a era de exploração nunca vai acabar… Que louca sou, a humanidade ainda tem um universo infinito e graças a deus comprovadamente habitado!

  – Ainda não ti encontrei, à noite esta alta, tenho que montar acampamento. Encontrei sinais da civilização que procuramos. Será que você encontrou os mesmos sinais? Espero!

– Acordei bem sedo hoje, estou preocupada, recebi um comunicado da Terra. Eles querem saber como estamos e se temos progresso, tive que mentir e afirmei que mandaria um relatório daqui a alguns dias.

Tentou de todas as formas manter contato com Guilherme, mas não conseguia.

– Já estou no alto e vejo uma enorme construção, parece muito longe desse ponto de vista. Estou indo para lá!

Um imenso espaço se descortinava em sua volta.

GUILHERME

– JÁ SAI A ALGUNS dias e me localizo nas ruínas, Isadora me preocupa, não tenho nenhum sinal de comunicação, ela deve estar desesperada. Nós dois estamos nesse planeta a um ano da terra. Registramos e catalogamos espécimes, e as histórias de uma civilização alienígena. Primeira raça comprovadamente alienígena que a humanidade encontrou a séculos.

Dizia ele eufórico, muitas perguntas sobre aquele povo ainda deviam ser respondidas.

– Eles me lembram os antigos índios da terra… Índios que não existem mais, foram todos incorporados à civilização.

Se perguntava se naquele imenso planeta existiriam outros povos. Aparentemente aquele que avia encontrado, vivia isolado a muito tempo.

– Com a descoberta das lendas que se referem a essas ruínas, Isadora se assustou, ela é facilmente influenciável, leva tudo ao pé da letra.

E mostrava os enormes monumentos, focalizados sobre a lente de uma pequena maquina de vídeo.

– Tive que deixá-la no acampamento, tentou me convencer a levá-la comigo, mas não aceitei precisava mais dela ali. Nos comunicamos poucas vezes, depois o sinal caiu, alguma interferência magnética com certeza.

– Guando via as ruínas pela primeira vez, fique extasiado. Sou fascinado por história e estou abrindo um novo ramo dessa árvore que compõe todos os fatos históricos do planeta terra, talvez essa civilização que vejo através do passado tenha algum contato com nosso planeta.

Guardou a máquina em sua mochila e, se aproximou de uma das paredes.

– Enormes construções feitas com gigantescos blocos vermelhos. Consigo ver alguns desenhos incrustados nos blocos, vários estão bastante corroídos pelo tempo, mas é incrível ainda conseguir ver esses desenhos.

Sentiu a tentação de sentir a textura dos desenhos.

– Não consigo encontrar nenhum sinal de entrada, vou montar acampamento aqui mesmo.

– Ah, tenho que voltar e contar tudo a Isadora, tenho que trazê-la comigo e também um daqueles alienígenas tão supersticiosos. Ele tem que me traduzir esses desenhos, se é que pode traduzi-los.

OUTROS TEMPOS 

FICAVA SENTADO PERTO DE sua casa, já era  bastante velho o que o fazia ser respeitado e procurado. No dia em que os dois humanos vieram, começou a esperar grandes coisas.

Um homem e uma mulher, se diziam de outro planeta e apontavam as estrelas tentando mostrar um ponto luminosa em especial, Terra. Traziam muitas coisas, que se dispuseram a mostrar a todos. Instrumentos sem sentido para ele.

– Nós queremos saber sobre vocês, sua história!

Dizia o homem tentando ser entendido. Ele com todo prazer contou tudo que pode. E muitos dias se passaram nessa troca de conhecimento.

Quando os dois quiseram ir na direção das ruínas ele tentou impedi-los.

– Não podem entrar em um local sagrado.

Mas o homem insistia.

Tentou impedi-los colocando medo, sabia que o medo era a solução, inventou lendas falando sobre morte. Mas eles foram mesmo assim.  Não usou de força, sentia que os tempos eram outros, que seu mundo já não era o que era antes.

E quando o homem apareceu novamente em sua casa, soube o que precisava ser feito. Se curvou sentindo o peso do tempo sobre suas costas e atendeu a seu pedido. Afinal eram outros tempos.