RESENHA: “Insólito – Microalucinações”, posso anotar o seu pedido de microconto?

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Autor: Paulo Fodra
Editora: Multifoco
Origem: Brasileira
Edição: 1ª
Ano: 2011
Páginas: 88
Skoob
Sinopse: Na confluência entre a lucidez e a loucura, o sonho e a realidade, existe um território neutro onde as leis da lógica deixam de existir. Um lugar estranho, perdido entre o dia e a noite. O insólito. Do ventre fértil da incerteza, nascem centenas de microalucinações que invadem o cotidiano, corroendo o tecido fino do lugar-comum. É nesse lugar inóspito que Paulo Fodra busca inspiração para os seus microcontos.

Onde comprar? Livraria Cultura, Editora Multifoco.

Análise:

“Entediada com a folha do caderno, rabiscou as paredes do apartamento. Quando o espaço acabou, pulou da janela e virou infinito.”

—Pág. 09.

Saudações, caros leitores! O minimalismo textual se popularizou com o crescimento de redes sociais como o Twitter, tanto que há perfis exclusivamente voltados para a produção destas pequenas doses de literatura. Neste mar cibernético de criatividade, surgiu o livro do Paulo Fodra que conduz o leitor por meio de fechaduras (espaços minúsculos) para diversos cenários. Ficaram curiosos? Então, continuem a ler a resenha.

Algo que imediatamente capturou a minha atenção foi a presença de apenas dois microcontos por página (exceto nas últimas três, onde há um em cada), ou seja, a abundância do espaço em branco que envolve o texto. Este atributo extremamente simbólico, tendo em vista o contexto da obra, salienta ainda mais os imensos significados que o próprio leitor pode extrair do seu contato com as histórias que não duram mais do que alguns segundos, mas permanecem imprimidas na mente por um longo tempo. Como pode ser deduzido do meu apontamento anterior, a metáfora é um dos recursos usados pelo escritor para cativar.

Um aspecto muito satisfatório é a rotatividade de temas, entre eles: amor, poder, criação literária, cobiça, sonhos, medo, psicopatia, automatismo da vida moderna, carnaval, lendas urbanas etc. Oscilando no tom de seu discurso, que vai do humor negro até a crônica (retrato de fatos da vida cotidiana), o autor consegue exibir múltiplas faces de um mesmo assunto.

Esta foi uma leitura super-rápida e prazerosa, recomendo o livro para qualquer pessoa que goste de cavar nas páginas a que dedica o seu tempo em busca de pensamentos nas entrelinhas, indo além do óbvio. Alguém que deseje somente entretenimento sem grande compromisso com a reflexão do que é apresentado pode extrair algum deleite, contudo não irá capturar o lado mais fascinante. Minha nota? Cinco selos cabulosos!

Nota:

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