RESENHA: “Kimera: O Conto dos Morcegos”, todos podemos nos tornar lendas imortais

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Capa
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Autor: Alexandre Carfer
Editora: Cinepossível
Origem: Brasileira
Edição: 2ª
Ano: 2012
Páginas: 94
Skoob
Sinopse: O braço de cristal surge da parede do estranho laboratório branco e silencioso.De sua ponta surge o bisturi que faz um corte preciso numa bolsa orgânica de um vermelho cintilante.

Sem cérebro nem coração o ventre de um morcego fêmea revela o feto.

Os Deuses Cientistas o chamam de Aike, o último gerado na Lua dos Eternos, uma experiência ousada e inconsequente.

Era uma questão de tempo até que ele se tornasse o líder rebelde conhecido pelo nome de Mormoops Blainvillii.

Onde comprar? Loja – Kimera Store.

Book Trailer:

Primeiro Capítulo:

Análise:

“Para tristeza dos céticos, a maior de todas as fantasias é o cotidiano do homem comum.”

—Pág. 05.

Saudações, caros leitores! Literatura e cinema mantém uma relação há bastante tempo, livros viraram filmes e vice-versa. A obra de hoje possui uma estrutura semelhante a um roteiro, o que por si só me deixou curioso quando conversei com o autor pela primeira vez. Aliás, vale mencionar que o Alexandre Carfer é produtor audiovisual!

Considerando que o texto com o qual iria me encontrar seria diferente daqueles que normalmente tenho em minhas mãos, alcei voo, assim como os morcegos, rumo ao fantástico contido em suas páginas.

Primeiro, leiam a parte de trás da obra (quando comprarem o exemplar de vocês), pois contém informações que não são ditas no decorrer da história. Dei o aviso porque conheço pessoas que não leem orelhas, por exemplo, com medo de receberem um grande spoiler. Gostei desse “extra” que não estraga as surpresas da leitura, mas fornece uma base mais sólida para o entendimento do mundo completamente novo que adentramos.

A história acompanha, principalmente, o desenvolvimento de um país denominado Kimera, mas recorre a assuntos paralelos para o enriquecimento do texto. No princípio, o que aparentava ser uma aventura medieval ganha aspectos de ficção cientifica e fantasia e no final das contas vira uma mescla desses três ingredientes engendrando uma jornada por uma civilização lendária, cheia de heróis e alguns vilões.

Dentre os heróis, posso destacar o Mestre Ferreiro, fundamental para o fortalecimento de Kimera, Corbin, um garoto com habilidades incomuns e que protagoniza uma cena-referência a um clássico da literatura fantástica em que finca a sua espada em uma pedra declarando que aquele objeto pode ser mais importante na vida de outra pessoa, e Mormoops Blainvillii, membro de um clã de morcegos. Os vilões são os misteriosos Deuses Cientistas e os Cinzentos, pouco elucidados nessa parte da saga, mas suficientemente comentados por outros personagens para nos despertar a curiosidade.

Os Morcegos, que nesse cenário desempenham um papel essencial, são descritos de tal modo que se assemelham ao Drácula de Bram Stoker em sua forma monstruosa, só que menos assustadores. Como no mundo real, eles possuem uma dieta diversificada, inclusive há os temidos “morcegos-vampiros” (hematófagos).

O posto de narrador ao longo da história é ocupado por vários indivíduos, que fornecem seus relatos de distintos pontos na linha do tempo, logo não se deve estranhar a mudança de foco. Mesmo com essa rotatividade, as transições de um capítulo para o outro não ficam confusas. Pelo contrário, tornam-se divertidas por proporcionarem ao leitor uma participação maior no enredo que se comporta como um quebra-cabeça.

A diagramação oscila em alguns pontos e os diálogos ocorrem misturados com o que é narração em geral (descrição de cenários, pensamentos, ações etc), sendo separados apenas por travessões. Há parágrafos com mais de dois personagens em uma conversa, o que pode deixar os leitores desorientados sem saber quem foi que falou o quê. Os erros de revisão são poucos, nada de desvios gravíssimos e que atrapalhem a compreensão do que é lido.

O final deixa coisas em aberto, mas não teria como ser diferente por se tratar do começo de um grande projeto que tem potencial para se expandir a outras mídias. Em uma batalha, tal como na vida real, é necessário escolher uma posição, mas se as nossas escolhas nos transformarão em ícones lendários ou poeira arrastada pelos ventos, só o tempo dirá. Quer saber o que acontecerá em Kimera?! Leia “O Conto dos Morcegos”.

Concluindo a minha análise digo que logo nas primeiras páginas percebi o seguinte: o que estava lendo era um grande convite aos leitores para arriscarem-se no terreno de seus sonhos, serem os heróis de suas vidas. O risco da queda existe sempre, mas quem permanece no solo jamais sentirá como é voar…cortar os céus como os Morcegos. Dou três selos cabulosos!

Nota:

Avaliação