RESENHA: “Cinco Luas”, algo que fica entre uma história de super-heróis e a ficção cíentifica

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Capa

Autor:  Ronaldo Cavalcante
Editora: Novos Talentos da Literatura Brasileira
Origem: Brasileira
Ano: 2011
Edição: 
Número de páginas: 504
Skoob
Sinopse: O terror e o desespero se espalham quando uma onda de abortos em todo o mundo acontece sem precedentes. Durante seis meses nenhuma criança nasce viva em todo o planeta. Descobre-se então que uma espécie de doença está afetando todo o globo tornando todas as mulheres estéreis. Esse fato é apenas o estopim do que os povos que se autointitulam soberanos chamam de Extinção. Uma peste destruidora e aparentemente sem cura que ataca de maneira misteriosa determinando se os povos merecem permanecer entre os melhores ou devem perecer e ceder suas terras e recursos aos soberanos intocados pela terrível doença. A Terra começa a ser invadida por seres maravilhosos e hostis, viajantes de lugares distantes em bases colossais, seres imunes a Extinção. Povos escolhidos pela criação para permanecer e conquistar. É uma questão de tempo até todos no planeta morrerem sem sucessores ou serem simplesmente assassinados se assim decidirem os soberanos.
Onde comprar? Loja Novo Século.

Análise:

“As pessoas experimentavam um misto de deslumbre e pânico. Não sabiam o que fazer. Só sabiam para onde olhar. Era mais forte que tudo em volta, a beleza, o horror, o novo […]”

Pág. 24.

Saudações, caros leitores! Como estão as suas leituras? Se quiserem, podem falar sobre isso no comentário. Eu gosto de conversar. Enfim, vamos falar sobre o que é mais importante agora: “Cinco Luas”. A primeira coisa que tenho a comentar é que a sinopse funciona perfeitamente para estimular a curiosidade do leitor e surpreender. Por mais incrível que possa parecer para alguns, criar uma sinopse não é tão fácil. Em um primeiro olhar, julgava que fosse ler uma obra de ficção científica mais tradicional, mas o autor inseriu algo fascinante. O que poderia somente ser uma história de invasão alienígena (tema recorrente no gênero ao qual a obra pertence), provou ser algo a mais. Vamos salvar o mund…ops…quer dizer, vamos acompanhar a resenha?

O livro nos impacta com um início fulminante, sem perder-se por questões paralelas de pouquíssima relevância para a trama. A narração é detalhista ao longo de todas as páginas, mas sem ser maçante, pelo contrário, conquista por demonstrar que o Ronaldo Cavalcante preocupou-se em criar algo coerente. É quase como se você fosse um dos habitantes daquele mundo, compreendem?

Os personagens principais: Rafael, William, Vinicius, Luciana e Leo são a única coisa que, aparentemente, impede o completo estabelecimento dos invasores em nosso planeta. A razão? Digamos apenas que eles possuem uma peculiaridade muito interessante, não quero estragar parcialmente o prazer de suas leituras. Esta peculiaridade é muito bem desenvolvida pelo autor, aliás. Acredito que ele deve ter conduzido cada movimento da escrita com bastante calma para criar a sua visão de cada personagem, uma vez que todos possuem singularidades demais para serem frutos de uma construção impulsiva.

Os personagens, exceto por seus atributos fantásticos, não se distinguem de qualquer um de nós. Eles sentem raiva, xingam, brigam entre si, fazem tolices, enfim, são empáticos. Esse é um dos diferenciais dos heróis deste romance em relação a muitos outros. Eles carregam um forte sentimento de salvar o planeta, mas isso não elimina os fatores humanos. Quantas vezes nós mesmos não fizemos algo errado, mesmo quando queríamos fazer algo bom? Antigamente era mais dominante o perfil do herói como alguém em conforme com o ideal de “corpo são, mente sã”, mas hoje em dia isso está cedendo espaço para figuras mais “reais”, mas nem por isso menos encantadoras. Essa carcterística me parece refletir o espírito de uma época. Em tempos que a depressão é uma dos maiores problemas da civilização, heróis imperfeitos são mais que naturais, são necessários para provar que podemos superar medos que nos assolam.

A maneira como a ocupação dos alienígenas acontece, suscitou alguns questionamentos em mim acerca das reais motivações destes “soberanos”. Sinceramente, não consegui confiar em outras pessoas além dos humanos. A condução até a elucidação disso possui algumas sequências de ação de tirar o fôlego. Se você aprecia combates cheios de minúcias, vai amar! O desfecho é de deixar qualquer um mudo e lança a semente de uma possível continuação.

O meu único desapontamento é quanto à revisão. Muitos erros. Mais uma vez reafirmo a minha convicção de que a revisão deveria ser executada por pelo menos duas pessoas, assim os deslizes seriam reduzidos bastante. A qualidade da história é alta, mas estas pedrinhas incomodaram. Minha nota é três selos cabulosos e meio.

Nota:

Avaliação
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