RESENHA: “PLACEBO” DA PAOLA BARROS DELBEN

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Autor: DELBEN, PAOLA BARROS

Editora: CANAPÉ CULTURAL

Assunto: LITERATURA BRASILEIRA

Idioma: português

Encadernação: Brochura

Edição: 1ª

Ano de Lançamento: 2012

Número de páginas: 220

SINOPSE:

“Placebo” é uma obra de ficção científica que enfoca o ser humano em todos os seus aspectos. Um terror psicológico sobre pessoas normais, boas e más, erradas e corretas, que não sabem mais distinguir ilusão de realidade. O livro conta a trajetória de indivíduos com particularidades familiares a qualquer um, características que tentamos esconder e outras que fingimos ter. Uma analogia filosófica entre a essência humana e os efeitos do Placebo, que podem ser entendidos como cura às doenças, embora os medicamentos ministrados não possuam princípios ativos. O progresso da ciência se torna o monstro criado à nossa imagem e semelhança e o medo de descobrir o que há de melhor e o de pior transcende a própria existência da espécie. A nanotecnologia é transformada em solução à nossa extinção, mas não demora muito para que seja condenada. O romance psicológico expõe o relato de testemunhas de uma catástrofe sem precedentes, numa história dividida em três partes distintas nas fases do Placebo, como uma forma de ilusão com aplicações práticas e conseqüências reais.

ANÁLISE:

Esta resenha já está atrasadíssima, eu sei disto.

Sei que a Paola me enviou o livro há tempos e a leitura foi lenta, logo a produção deste texto não poderia ser diferente. Contudo, não irei criticar a obra, muito pelo contrário, vou enaltecê-la e me depreciar como leitor. Confuso? Eu sei, eu sei… estou sendo prolixo, pois não me sinto seguro para falar de um livro que necessita de várias outras leituras.

A história de Placebo é para deixar qualquer fã de ficção científica empolgado. Temos mundo pós-apocalíptico, universo distópico e nanotecnologia, misturados numa análise profunda da psiquê humana. Sabe quando você lê algo e percebe que no fundo, no fundo é necessário ler novamente para captar os detalhes e pormenores da história? A cada parágrafo, a cada página virada, em cada capítulo finalizado, sentia a necessidade de um recomeço, pois perdi algo, deixei passar um detalhe.

Placebo não é meramente um livro para entreter, não é uma leitura despretenciosa. Acho que isso se agrava quando sabemos que a Paola é psicóloga. Existe uma leitura “subjetiva” aqui. Eu não sei quantos dos leitores desta resenha acompanham meu facebook, mas cheguei a postar algumas frases que me impactaram. Cabulosos, eram frases que pediam para serem proferidas, me imploravam para serem libertadas da prisão dos parágrafos. Deixo abaixo duas delas:

Com uma dose de ilusão, um punhado de mentiras e uma porção de omissão: está feito um ser humano.

Quero ser cremada e que minhas cinzas sirvam de prova da breve existência da raça humana por este planeta. Que essas cinzas possam falar: “Eu passei por aqui!”

Ao ler estas frases, percebem o que quero dizer? Não se tratam de meros diálogos impactantes para fazermos camisestas ou marca-páginas. São reflexões, questionamentos que incomodam e o livro está cheio deles. Como a Paola consegue fazer isso e ainda conduzir-nos por um narrativa intrigante, repleta de suspense? Não sei, mas ela o faz com maestria!

Para que fique bem claro, a narrativa é dividida em três partes. Vou (ousar) classificar as três fases do livro com três palavras:

Primeira Fase – Ângelo, a sociedade de plástico e a dose de ilusão (PÓS-APOCALIPSE)

Segunda Fase – Muitas verdades podem explicar a realidade, mas quantas realidades são necessárias para explicar a verdade? (DISTOPIA)

Terceira Fase – Ingerindo o Placebo, uma, duas, três… Vezes. Quando os efeitos colaterais. (UTOPIA)

Em Placebo, a humanidade como nós conhecemos já não existe mais. Sabemos dos acontecimentos ali descritos por uma Comissão de Análise do passado que desconhecemos se é formada por humanos ou nano-humanos. Os homens alcançaram um patamar tecnológico que possibilita a não morte. Através da nano-tecnologia conseguimos reavivar nossos familiares e amigos que faleceram, mas o que é “trazido de volta”, parece ser uma casca, um ser dotado das memórias, do físico, das capacidades do ente querido, porém desprovidos de sentimentos mais simplórios que nos definem como seres.

Apesar dos muitos impactos destes humanos desumanizados, as pessoas continuam a usar a nano-tecnologia para estes fins, já que não conseguem mais conviver com o luto. Percebe-se, no livro, que mesmo aqueles que são contra, acabam criando seus frankensteins, seja pela eminência da própria morte ou  para aplacar o sofrimento causado pela perda de alguém que ama. Chega-se ao ponto de não se saber mais que é humano e quem é nano-humano e a partir dai, em vias de desaparecer, os humanos começam uma caçada aos que “não morrem”.

Mas isto não é um resumo digno de Placebo, nem uma introdução. Para compreender realmente a complexidade desta obra você, Cabuloso, precisa lê-lo. Nele vemos a análise esmiuçada das picuinhas humanas. Vemos nossa pequenez mediante nossa ignorância e como usamos a ignorância para nos sentirmos tão importantes…

Vou para por aqui, porque ainda falarei deste livro em outras ocasiões e vou relê-lo com certeza.

CITAÇÕES:

“As pequenas mentiras moldam o mundo e todos se acomodam com as farsas, ajudando inclusive a mantê-las.”

Pág. 46

“Há muito tempo poderíamos estar livres e não sabíamos apenas por medo de tentar.”

Pág. 95

AVALIAÇÃO:

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