RESENHA: “EXTRANEUS 1” – VÁRIOS AUTORES

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Extraneus é uma série de antologias da Editora Estronho. São 3 livros no total e esse primeiro conta com 15 contos de talentosos autores brasileiros tratando do tema: Medieval Sci-Fi. O tema é algo totalmente novo para mim e que exige muito de um autor – pelo menos ao meu ver.

Vamos então a um breve resumo dos contos:

Dez Lampejos do Mulçumano de Ferro – Cirilo S. Lemos

Durante a Guerra Santa o exército mulçumano vai investigar algo que caiu no deserto, mas não compreendem o que poderia ser aquela estátua de ferro com articulações nos braços e pernas… até que ela se move.

O conto é muito bem escrito. Mostra que o autor se dedicou para escrevê-lo e pesquisou os acontecimentos e costumes.

A Ameaça Dracônica – Larissa Caruso

Após a Guerra Santa a França enfrenta uma ameaça: um dragão fêmea que vive nas montanhas e parece impossível de derrotar. Até que os franceses recebem uma ajuda inesperada.

O conto tem uma narrativa muito envolvente. A autora usou palavras em francês, deixando o texto mais interessante.

Jogos de Guerra – Rober Pinheiro

Uma batalha sangrenta acontece envolvendo castelos e cavaleiros, porém com alguns detalhes a mais, como: cavalos voadores, armas lasers e robôs gárgulas.

O conto é envolvente e tem um final inesperado. Bem criativo!

Cartouche – Ana Cristina Rodrigues

O famoso ladrão Cartouche recebe a missão de roubar um artefato valioso. Quando o faz, vai com sua companheira Noemia – uma medusa – para entregá-lo, mas são pegos em uma armadilha.

A autora usa nesse conto um mundo e criatura próprias que são bem desenvolvidos e a história é muito divertida o que deixa a leitura muito agradável.

A Peste – Claudia Zippin Ferri

O Barão de Locksley perdeu sua esposa para a peste que assola a região e está prestes a perder o filho. Ele chora e clama pela misericórdia de Deus, mas acaba tendo a ajuda de outras pessoas…

A narrativa desse conto é muito envolvente, daqueles que você começa a ler e não consegue mais parar. O final é muito bom – o filho do Barão é alguém bem famoso – e o conto é bem humorado.

Um Dia Qualquer – Leandro Reis

Klotan é um Orc. Ele trabalha como Tenente e é tirado do sono para uma bagunça danada. O Coronel – um minotauro – deseja a vingança do filho e o lugar já virou uma chacina.

O conto é bem humorado do início ao fim. O que achei interessante foi que o autor utilizou dois extremos no conto: orcs e minotauros equipados com alta tecnologia.

Guerra dos Mundos – M.D. Amado

Numa manhã de natal o planeta Terra tem uma surpresa: naves alienígenas sobrevoam as principais cidades e então o fim de mundo começa. Tudo parece perdido até que um herói inesperado aparece.

O conto começa como um famoso filme de ficção científica mas as semelhanças terminam por aí. A história é muito bem humorada e o herói é realmente inesperado.

Eram os Magos Astronautas? – Renato A. Azevedo

Tudo muda na pacata vila de Wiltshire quando os dragões atacam. John juntamente com sua amada Viviane procuram aquele que é conhecido como o Grande Mago que pode ser a única salvação.

Esse conto tem uma narrativa bem simples. Ele é rápido e fácil de ler. Achei a busca de Viviane por conhecimento um pouco forçada, talvez pelo fato de que não tive a chance de conhecê-la muito bem.

A Punição – Simone O. Marques

Sir Douglas ama a sensação de matar alguém. Ele vive essa sensação dia após dia, mal sabe que tudo não passa de uma punição.

Achei a forma de punição citada no conto muito boa. Criativa e além de tudo, achei uma ótima idéia.

A Peregrina – Gianpaolo Celli

Hellawes, uma feiticeira, depois de usar seus conhecimentos em uma vila, percebe que o chamado que vem recebendo em sonhos é de um “conhecido”, Pashakutik. Quando finalmente o encontra ele lhe revela um novo caminho a seguir.

Foi um pouco difícil escrever a pequena resenha acima pelo fato de que achei o conto um pouco confuso. Há bastante informação e senti falta de mais leitura para entender tudo.

Mensagem a Pedro, o Eremita – Davi M. Gonzales

Boemundo de Taranto conta a Pedro, o Eremita os incríveis acontecimentos da vitória na cidade de Nicéia.

O conto é narrado em forma de carta e muito bem narrado. A escolha de palavras e expressões foi muito bem feita o que deixou o conto super agradável.

A Sepultura do Juízo Final – Gadiego Silvestrini

O último dos Dragões Guardiões está a beira da morte frente a uma ameaça que parece invencível, porém os inimigos se esqueceram o quanto o sangue humano é poderoso.

A narrativa desse conto é muito boa! A forma como o Guardião derrotou seus inimigos foi muito bem feita. Gostei bastante!

Demônio das Estrelas – Rebis Kramrisch

Marlon é um garoto de 17 anos, albino, que vive na Comuna de Entremontes. Os aldeões estão preocupados com os rumores de que o Império Vermelho finalmente caminha naquela direção. Será que estão atrás do Ídolo de Metal? Ou a procura do Salvador? Não sabem que Marlon, que é dado como amaldiçoado por causa de sua aparência é a resposta para essas perguntas.

Uma coisa que me conquistou nesse conto, além da narrativa cativante, foi o uso de FC Japonesa: os mechas. O conto é muito interessante e envolve também aspectos de bruxaria.

A Aparição – Rudá Almeida

Na luz que apareceu no céu de Gênova os habitantes viram a salvação e foi anunciado o apocalipse. Até que mulheres virgens começaram a desaparecer e a visão da igreja começou a mudar…

Uma coisa que me interessou – e até divertiu – nesse conto foi a reação da igreja com relação aos “anjos” e como ela mudava com os acontecimentos. O final foi bem plausível e me agradou bastante.

Churrasco D’Arc – Leonardo Pezzella

Davi está testando um equipamento que lhe permite viver grandes momentos da História da Humanidade. Porém o equipamento tem um defeito: a ação dos “jogadores” no passado afeta o futuro. Davi tem a missão de consertar esse defeito, mas tudo o que fez não afetou em nada o futuro e ele não sabe como fazê-lo. Chama um amigo, Gilberto, e juntos irão mudar drasticamente o passado: pretendem salvar a heroína da França, Joana D’Arc.

Além de um toque de humor e de contar uma das minhas histórias favoritas da Idade Média, esse conto mostra que alterar o que consideramos pequeno no passado, pode ser drástico no futuro.

E Ele disse: que tenhamos a peste, dragões, bruxas e feiticeiras cavaleiros e suas armaduras, reis minotauros, orcs e anões, demônios e até mesmo os anjos. Tudo em um caldo primordial, com o olor de tempos medievais. E tudo assim o foi por muito tempo, até que algo O cansou e novamente Sua voz toou: que tenhamos também alienígenas, humanóides, naves espaciais, Meca-humanos, escudos de luz (nada de sabres), implantes e realidade aumentada, incluam-se até mesmo os uranianos. E tudo por ele dito passou a coexistir. Não em paz. Não com harmonia. Mas o suficiente para que Ele contemplasse o que acabara de criar e Se pronunciasse: êita lambança porreta! Tá bom demais. Deixa a lona torrar que eu quero ver o palhaço chorar.

Parte do prefácio de Richard Diegues

NOTA:

 

Ficha Técnica:
Editora: Estronho
Autor: Vários
Origem: Brasileira
Ano: 2010
ISBN: 978-85-63586-09-4
Número de páginas: 136
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