RESENHA + ENTREVISTA: “ENTRE O AMOR E A FÉ” DA JANICE GHISLERI

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Capa
Capa
Autora: Janice Ghisleri
Editora: Biblioteca 24 horas
Origem: Brasileira
Ano: 2010
Edição: 
Número de páginas: 342
Sinopse: Quando Urs Barker, curador do museu de Londres envia a renomada arqueóloga e historiadora Marien Stewart para uma exploração em ruínas encontradas na Itália de uma suposta igreja, não imagina quão grande aventura estariam se metendo. O que encontrariam juntamente com o padre e também arqueólogo Sebastien Caseneuve, não seriam somente ruínas, mas magia, paixão e sofrimento, trazendo para suas vidas uma arrebatadora história do século XIV.
Skoob

Book Trailer:

Análise:

 

“Não sei se isso é certo ou errado, não quero saber, não quero nem pensar nisso, mas fique aqui comigo, eu preciso de você hoje [..] preciso de seu amor, preciso de seus abraços. Amanhã eu deixo você ir, mas hoje não.”

— Pág. 173

 

Saudações, caros leitores! É um prazer postar mais uma resenha neste novo “lar”, pois comecei aqui como um visitante/leitor e agora tenho a honra de fazer parte da equipe do Leitor Cabuloso. Agradeço também à Priscilla, pois ela me cedeu espaço no Policial da Biblioteca para expor as minhas reflexões sobre livros, filmes etc e por este meio foi que acabamos chamando a atenção do Lucien e da Serena. Espero que consiga contribuir muito para o crescimento do blog e trazer resenhas sempre de qualidade para vocês. Antecipadamente agradeço a atenção de cada leitor em ler a minha humilde análise literária. Agora, vamos ao que interessa mesmo…a resenha!

O livro em questão é “Entre o Amor e a Fé” da escritora Janice Ghisleri. A obra me chamou a atenção devido à trama que nos oferece uma história de amor com traços de conspiração, além, claro, de uma pitada de sobrenatural. A tensão que fica explicita no título do livro é um traço que deixou o desbravamento das páginas interessante e reflete bem as dualidades do ser humano. Aliás, vale salientar que os personagens deste livro são profundamente humanos, passíveis de erros gritantes, ações movidas por capricho ou pensamentos egoístas.

O romance em “Entre o Amor e a Fé” possui momentos extremamente ternos, ou seja, utiliza-se de um molde já muito popular, porém alterna com instantes de emoções impetuosas, onde a razão é sacrificada em nome do desejo mais voraz do outro, sentir o calor de seu corpo e todas as escalas do prazer. Todavia, isso não chega a ser algo agressivo ou construído somente para mobilizar os leitores vorazes que se deliciam com romances mais apimentados. A Janice usa a paixão que consome alguns personagens para evidenciar o conflito de forças que é o cerne da obra.

O início do livro não poderia se dar de forma melhor, considerando a atmosfera da obra, e nesse momento começamos a experimentar um gosto do que está por vir, pois damos os nossos primeiros passos na obra ao lado de um casal que por um acaso (ou será que há destino?) acabam presenciando o momento em que um segredo se revela ao sol, literalmente. Sou um leitor que observa muito os livros que lê e sempre está atento a qualquer possível simbolismo, sei como os escritores às vezes amam inserir isso em seus textos para estimular a mente do leitor.

Depois somos apresentados à encantadora Marien Stewart, uma historiadora e arqueóloga dotada de uma inteligência tão excepcional quanto os seus encantos físicos.  Marien é uma mulher irônica, crítica, autoconfiante, enfim, uma mulher que se considera a proprietária absoluta de seu destino. É muito divertido, confesso que em alguns momentos cheguei a rir, ver como a nossa heroína passa de uma personagem alicerçada em opiniões claras para uma série de acontecimentos turbulentos que além de afetá-la fisicamente, começam a modificar gradualmente a sua percepção do que pode ser real e dos sentimentos que guarda em seu coração.

O enredo envolve vários personagens, mas resumidamente tudo acontece ao redor de três: Marien, Urs Barker e o padre Sebastien Caseneuve. Os personagens secundários funcionam bem como ganchos no livro e em algumas cenas roubam um pouco os holofotes para si, mas para ser sucinto em minha resenha, opto por frisar o que há de mais importante. Urs Barker é o ex-marido de Marien, um homem vaidoso, bem humorado e que gosta de se apresentar sempre de forma elegante. Quase uma espécie de cavaleiro montado no cavalo branco dos tempos modernos. Urs é um personagem que sabe usar o seu sex appeal e provavelmente uma figura com a qual todo o público feminino vai suspirar. O relacionamento de Urs e Marien atualmente é algo aberto, sem cobranças, porém isso não impedi que o ciúme às vezes seja quase como um espinho no pé e isso faz os ânimos ficarem mais ardentes. O padre Sebastien entra como um terceiro ícone que faz a roda da história acelerar e também é uma personagem muito carismática, mas que inicialmente apresenta um jeito mais discreto e de poucas palavras, somente o necessário. O padre esbanja simpatia ao longo das páginas, um intelecto admirável e em pouco tempo começa a sentir um forte conflito de sentimentos, dividido entre o dever com a igreja e uma estranha sensação que em todos os seus anos a serviço do Vaticano jamais o assolou.

As ruínas na Itália é o terreno de partida para o ápice da história e o clima de ancestralidade do lugar somado às divagações históricas de alguns personagens são atrativos na narração da autora e causam curiosidade sobre alguns temas como templários, deuses pagãos e muitos outros temas que são mencionados. Nesse aspecto o livro é uma boa leitura, pois incentiva a ir além dele mesmo e isso claramente torna o leitor uma pessoa culturalmente mais enriquecida. O fator sobrenatural é um caminho pelo qual Janice decidiu guiar a sua obra, mas o que importa mesmo aqui é como o amor verdadeiro se prova a força mais poderosa de todas, uma força além de qualquer obstáculo, seja a religião ou qualquer outro motivo, pois o amor basta a si mesmo e quando amamos estar com a pessoa amada torna toda a existência algo esplendoroso.

O livro realmente é um romance com todo o desenvolvimento dos enlaces bem escrito. O final provavelmente deixará um sabor diferente para cada leitor, dependendo de por qual personagem se criou mais afeto. “Entre o Amor e a Fé” ganhará três dos cinco selos cabulosos. Pessoal, leiam o livro, pois é um romance divertido e se você for um fã do gênero irá apreciar mais.

NOTA:

 

Entrevista

Janice Ghisleri

Primeiramente quero agradecer pela gentileza em ceder um pouco de seu tempo para esta entrevista, mas sem demoras vamos às perguntas… =)

 
1 – Como surgiu a ideia de escrever “Entre o Amor e a Fé”?

 
R: Primeiramente uma amiga sugeriu que eu escrevesse uma história com um padre. Meu primeiro pensamento foi em Pássaros Feridos, aquele amor proibido e sofrido, mas eu queria o padre com a mocinha. Então eu fiquei vários meses tendo o padre perfeito, de cabelos pretos e olhos verdes e nenhuma história. Quando comecei a escrever Entre o Amor e a Fé eu estava escrevendo o terceiro livro de Paixões no Oeste. Então a inspiração veio e parei de escrever Paixões e comecei este. Realmente não pensei no desenrolar, apenas segui minha inspiração e fui escrevendo, criando situações e momentos. Foi uma enxurrada de idéias que era impossível parar de escrever. Coloquei muitos assuntos misturados, assuntos que gosto e tentei mesclar tudo para que fizesse sentido. Realmente a partir de um momento o personagem tomaram proporção maior que havia pensado no início, e no fim percebi que meu primeiro pensamento havia mudado. Mas a história se desenvolveu sozinha para este lado e gostei do final. O conflito de Entre o Amor e a Fé é muito abrangente, mas recai a somente um fato, o amor e a fé estão ligadas, uma não vive sem a outra e isso pode mudar a vida de uma pessoa e quando se chocam pode causar muito sofrimento. Na história o amor pode ser tão forte que faz os personagens tomar atitudes impensáveis e isso gera o drama de tudo, pois é o que os move de uma maneira ou de outra.

2 – Como escritora independente com certeza há uma série de dificuldades, principalmente em divulgação. Gostaria de saber se você pretende aderir à uma editora ou manter a independência.

 
R: Você ter o domínio de sua obra é muito bom. Você toma as decisões e gosto disso. As duas coisas que me dificultam é a publicidade e o valor dos livros. Fazer a divulgação requer muito tempo e saber os caminhos certos. Quanto ao preço sei que isso dificulta para quem quer comprar, pois como são por demanda, o preço se eleva. Gostaria sim de uma editora comercial que pudesse promover meus livros como é devido, quem sabe futuramente.

3 –Quando surgiu a vontade de escrever?

 
R: Sempre escrevi poesias quando adolescente e adorava ler romances e tinha o desejo de um dia escrever um. Mas era um desejo de adolescente. Comecei a escrever fanfics e meus amigos me incentivaram a publicar minhas histórias. Todo mundo achava que eu tinha imaginação demais e que as pessoas deveriam ler o que eu escrevia. Pois então, minhas histórias complexas acabaram virando realmente livros.

4 –Atualmente, como você avalia os impactos da sua obra? Sente que o seu livro conseguiu chegar aonde você queria ou possui aspirações mais altas?

 
R: Com cada leitor que me dá um feedback de algum de meus livros eu alcanço o meu objetivo que é tocar o coração, fazer o leitor sofrer, rir e torcer pelos personagens e desejar ler mais quando o livro acaba. Mas eu quero que meu livro alcance mais. Quero mais leitores que possam viver esta história. Entre o Amor e a Fé é uma história intensa e esplêndida com muitas mensagens e quero muito mais para ela.

5 – Ao ler o seu livro percebi alguns traços comuns das histórias românticas, portanto você pode nos dizer quais as suas influências literárias?

 
R: Sempre gostei muito de ler romances de banca isso desde que tinha uns dezesseis anos. Eu acho que os romances trazem uma intensidade que falta no mundo hoje. Aqueles amores complicados e verdadeiros. Meus romances são assim, é o que quero passar às minhas leitoras. Entre o Amor e a Fé tem um lado mais fantasia, apesar de ter o lado forte do romance. Já os livros da Saga Paixões no Oeste são bem mais o estilo dos romances puros. Gosto de ler de tudo, desde os romances água com açúcar até os suspenses. Gosto de Nora Roberts, Jane Austen, Stephany Meyer, também leio romances espíritas como Zíbia Gasparetto, entre outros autores. Gosto de fazer uma salada entre amor, drama, suspense, aventura e comédia. Meus livros têm uma pitada de tudo.

6 – Obviamente que em “Entre o Amor e a Fé” alguns dados históricos são ficcionais, mas gostaria de saber como foi o processo de pesquisa para escrever esse livro.

 
R: Bem, quando escrevi não pensei que iria publicá-la. Preocupei-me em colocar minha inspiração no papel e depois me preocupar e ver se o que tinha escrito tinha sentido. Muitas coisas faziam tanto sentido que eu mesma me espantei. Como é uma ficção não me importei se algumas coisas realmente foram reais ou não no lado histórico. Mas Entre o Amor e a Fé traz muitos fatos reais de nossa história, pois sabemos quanto foi complicado através do mundo o assunto das inquisições, principalmente no período medieval, tantas histórias fascinantes sobre os templários algumas boas e outras ruins. E eu quis mostrar um lado puro da tal bruxaria que a igreja desprezava tanto. Na realidade era tudo uma grande luta de poder e controle. Já na época atual eu descrevo o comportamento banal do dia a dia, a maneira trivial de falar e os relacionamentos como eles são no geral, complicados e quentes, com conflitos internos e choques de interesses. Meus personagens são muito intensos e puros, com atitudes louváveis, mas que erram como todo mundo. É a minha versão de tudo então, para mim tudo no livro faz sentido. Eu pesquisei sobre alguns assuntos, mas o fazia sempre depois de escrever um capítulo. Primeiro deixei soltar a mente, depois lia e via o que havia escrito e depois se algo parecia suspeito então eu reforçava em uma pesquisa. Quando você lê muito, assiste muitos filmes, estuda a história você possui tanta informação dentro de sua cabeça que podem sair milhares de histórias dali se você souber uni-las e criar algo diferente.

7 – Por último deixo espaço para você enviar um recado para os seus leitores, amigos etc.

 
R: Gostaria de agradecer aos meus amigos e leitores por me darem força e acreditar no meu sucesso, fico feliz que estejam gostando do livro. Para quem ainda não leu, leia, tenho certeza que gostarão.