[Resenha] Predadores de Alexandre Heredia + Entrevista

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Autor: Alexandre Heredia

Editora: Tarja Editorial

Origem: Brasileira

Ano: 201

Edição: 

Número de páginas: 252

Skoob

Sinopse:

Dante é um repórter da noite em busca de realização profissional e pessoal. Eva é uma promotora de casa noturna atrás de exposição. Ian é um executivo recém-divorciado em crise de meia-idade tentando recuperar a juventude perdida.

Pessoas comuns com histórias diversas que se entrecruzam no Vrykolakas, uma casa noturna no centro de São Paulo, repleta de perigos ocultos sob as luzes e a badalação, enquanto Radu, o enigmático proprietário da casa, testa os limites morais e éticos de cada um para descobrir até que ponto eles estão dispostos a chegar para concretizar seus objetivos.

Um jogo maquiavélico e macabro em que até os vencedores terão que abrir mão da própria alma. Uma história atual que mistura vida, ambição e morte, com altas doses de sensualidade, em uma trama com a qual muitos irão se identificar. Para o bem ou para o mal. Afinal, quem poupa esforços para realizar seus maiores desejos?

Onde comprar? Tarja Editorial.

Book Trailer:

Análise:

“—Agora, minha querida, a noite é toda nossa – sussurrou ele em seu ouvido, com a voz macia e sensual de sempre.”

—Pág. 8.

Saudações, caríssimos leitores do Policial da Biblioteca! Venho dividir com vocês os meus sentimentos por uma história profundamente visceral. Um livro que dialoga sobre impulsos básicos, sobre aquela sujeira que às vezes teima em aderir ao espírito de nossa sociedade e que às vezes atormenta a nossa mente e turva os nossos julgamentos, nos transformando em verdadeiros animais em busca de saciar os nossos desejos que amiúde podem assumir os traços mais sombrios que uma mente humana pode conceber. Em meio ao concreto, metal, som alto, luzes de várias cores e alguns drinques, até mesmo de líquidos mais densos que o vinho, vos convido a adentrar na Vrykolakas comigo.

A narração do livro é completamente feita em terceira pessoa e isso deixa completamente a cargo do leitor julgar a natureza dos eventos e sobre as intenções verdadeiras de cada personagem, pois nem todas as ações são expressões sinceras das vontades dos personagens que encontramos no decorrer das páginas. Esse foco narrativo encaixou perfeitamente na trama e a neutralidade com que Alexandre conseguiu narrar as ações dos personagens, sem uma visão maniqueísta dos indivíduos, mostra que estamos de frente com uma obra na qual o leitor é verdadeiramente incentivado a “dialogar” com os personagens, representações de tipos humanos que podemos encontrar facilmente pelo mundo, sem um intermediário que age como um ditador decretando o que é certo e errado, definindo assim o exato alinhamento de cada peça do tabuleiro.

Os personagens não são pessoas que se preocupam em provar algo para o leitor, seja sobre a firmeza de seus caráteres ou objetivos, eles parecem dotados de uma força própria que os move nas direções mais diversas, contudo no livro encontramos com alguém que adoro agir como um manipulador de fantoches com as demais pessoas, mas de uma forma sutil, algo como sussurros que se acumulam em nossos ouvidos até se transformarem em gritos dentro de nossos crânios que depois de um tempo queremos arrebentar somente para aliviar a pressão. Acredite, a trama é muito forte e envolvente.

Agora se o que você busca em termos de vampiros são enredos onde os seres noturnos sejam amantes formidáveis, cavalheiros refinados que cobrem as donzelas de inúmeros elogios, ajam com uma etiqueta extremamente refinada e sejam bondosos em seus gestos…passe longe! Em “Predadores” o que vemos é o sangue pulsando quente em seu vigor mais primitivo e feras que desfilam em corpos belos, mas transmissores de um mal irremediável que tragará sua alma para o mais aterrador abismo caso você prove dele.

A trama inicialmente está dividida em duas partes, aparentemente independentes, mas que mais a frente se mostram complementares. Não irei dizer mais como isso é estruturado para não estragar a surpresa dos leitores, afinal em minhas resenhas me preocupo em evitar qualquer spoiler e me ater a transmitir as impressões que o texto me causou, ou seja, avaliar o que importa: a narração e o que é narrado. O que posso dizer é que essa cisão inicial na história faz o livro ficar dinâmico, pois o leitor se envolve em dois mistérios, duas linhas de suspense, o que torna impossível o tédio, não que qualquer um dos dois eventos (cenários) seja cansativo, muito pelo contrário, acho que cada um até poderia render um livro único.

O Alexandre sabe colocar simbolismo na descrição de cenários e alimenta a nossa imaginação também com algumas indiretas quando fala sobre a fisionomia, jeito de se vestir, maneira de falar e expressões corporais dos personagens. O livro é uma experiência essencialmente mental na qual transformamos o texto estático em figuras que se movem no nosso cérebro, quase se materializando frente a nossos olhos quando a imaginação é poderosa, e “Predadores” consegue desenvolver uma força impactante e com certeza foi um dos livros deste ano, até o momento, que mais conseguiu me transportar para vários ambientes e me tornar presente em cada um deles com a mesma intensidade. Quando falo de estar presente na cena de um livro me refiro ao fato do autor conseguir explorar todos os sentidos para descrever um lugar e arrebatar o leitor não somente pela mente, mas pelo corpo e espírito. Recomendo que fiquem bastante atentos durante a leitura, pois diversos detalhes podem ser encontrados nos cenários que falam muito sobre a história e muitas ideias e sentimentos estão nas entrelinhas. Nada foi colocado nas páginas por um acaso, tudo é uma peça milimetricamente planejada e lapidada, pelo menos essa é a sensação que se fica após a leitura.

Os personagens conseguem ter um grande desenvolvimento, se transformam muito enquanto lemos e no desfecho possuem personalidades completamente distintas das que apresentavam no início, mostrando que verdadeiramente houve movimento na trama. As viradas na história também são inúmeras e o leitor não consegue muito tempo livre para ficar se distraindo com outras coisas. Os olhos vão clamar pelas letras desta obra, assim como os vampiros são seres sedentos pelo sangue e o ar noturno. Recomento este livro! Se deliciem com uma belíssima obra e se perguntem: Predadores ou presas? O que vocês são? O que você deseja? Até onde iria por isso? Boa leitura à todos e até outro momento! Vai ganhar cinco selos cabuloso!

Nota:

05-selos-cabulosos

Entrevista

Alexandre Heredia

Alexandre, quero agradecer por conceder esta entrevista. É sempre muito gratificante poder dialogar com escritores de talento e sinto que quando este autor em questão é brasileiro ficamos ainda mais alegres, pois estamos apoiando algo que germinou em nosso próprio país e assim também incentivamos o surgimento de novos escritores. Sinta-se à vontade aqui, puxe uma cadeira, aceita alguma bebida? Podemos começar a entrevista?

Então, vamos lá…

1 – Primeiro gostaria que nos explicasse como surgiu “Predadores”? Como essa obra nasceu em sua mente?

A decisão de sentar e escrever este livro em particular não nasceu de uma história que surgiu em minha cabeça, vinda de uma inspiração repentina, nem de uma compulsão irrefreável. Nada disso. Ele surgiu de uma mera necessidade egomaníaca. De uma aposta pessoal. Eu já escrevia como amador há mais de dez anos. Já tinha até mesmo me arriscado a escrever um livro (felizmente nunca publicado). Escrever profissionalmente começava a se tornar um objetivo, mas distante ainda. Daí, certo dia, assisti ao pavoroso filme “Vampiros do Deserto” e disse a mim mesmo: Como uma história tão ruim tinha conseguido sair do papel? Até eu conseguiria escrever algo melhor que aquilo. E daí me perguntei: por que não escrevo então? Uma história que trouxesse o mito dos vampiros ao tempo atual, mas ao mesmo tempo remetendo à origem do arquétipo, e do que inspirou sua criação. Surgiu daí a premissa: não seria uma história de vampiros. Seria uma história de ambição humana, de decadência moral frente às adversidades. E tudo isso manipulado por uma pessoa cuja fisiologia e atitudes remetessem ao mito do vampiro. O importante na história não é descobrir se há ou não um vampiro, mas o que somos capazes de fazer para satisfazer nossos desejos e vontades. Seria uma história sobre humanos, não criaturas mitológicas. É por este motivo que, mesmo havendo apenas um “antagonista” (aspas intencionais) na história, ela se chama “Predadores”, assim mesmo, no plural.

2 – Um personagem com o qual me identifiquei muito foi o Dante, um repórter que ao longo do livro vai cada vez mais mergulhando nos mistérios que envolvem a história e assim como seu xará escritor (Dante Alighieri) acaba percebendo que a sua viagem foi em direção a perceber que o mundo pode ser um lugar verdadeiramente envolvido por trevas que estão além de nossa compreensão. Esse ponto me recordou bastante o estilo de Lovecraft, onde os personagens saem do conforto-ignorância e alcançam a inquietação-sapiência, mas ao custo de parcelas de suas sanidades. Queria que você comentasse se houve figuras (escritores ou outros artistas) nos quais buscou inspiração para realizar este livro.

O processo de criação dos personagens para o livro levou em conta uma série de fatores, na maioria narrativos, mas muitos vieram de referências pessoais. A referência a Dante Alighieri é a mais óbvia de todas, claro, mas todos os personagens nasceram de um misto de características e referências, algumas do meio artístico e literário, mas muitas de pessoas que conheço e convivo. Não houve uma referência única para a criação de Dante, nem qualquer um dos outros personagens. Ian é o representante de uma geração em crise, que questiona os valores de liberdade e de família, mesmo que isso signifique abrir mão de um para ter o outro. Eva é uma aproveitadora, esperta e inescrupulosa, mas também é uma sobrevivente, uma lutadora. Já Dante coleciona frustrações, devido a um espírito contestador que é castrado por uma mãe traumatizada e uma noiva provinciana. Pessoas normais, realidades não muito distantes da média. A intenção desde o princípio foi esta, de colocar pessoas reais em uma situação extrema, para que seus limites morais fossem testados. O que sempre quis deixar para o leitor era fazê-lo se questionar: Se eu estivesse numa situação semelhante, agiria diferente? Este é o mote do livro e o que me guiou na criação de todos os personagens.

3 – Na página 70 de “Predadores” quando Ian diz que, caso um dia Radu desistisse de trabalhar com casas noturnas, poderia se dar muito bem no mercado artístico, Radu replica dizendo que se fosse obrigado a tirar seu sustento da arte a inspiração desapareceria e que prefere mantê-la com um hobby. O que nós gostaríamos de saber é: Você divide esta perspectiva com o seu personagem? Como você encara seu trabalho artístico?

Cara, quem não gostaria de viver da própria arte? Ganhar o suficiente com a sua produção artística para sobreviver, sem precisar se sujeitar a um escritório, a um chefe, a resolver problemas que não são seus. Eu certamente gostaria, e minha inspiração não diminuiria com isso, posso garantir. Mas aqui cabe separar dois conceitos importantes: a Arte e o Trabalho. Um depende dessa tal Inspiração. O outro não pode se dar ao luxo de ficar esperando ela aparecer para produzir. Caso ela não apareça, não trabalhamos. E se paramos de trabalhar, em nosso mundo capitalista, é certo que morreremos de fome. Custo de vida demanda produção ininterrupta. Para viver da arte, muitas vezes é preciso deixar a arte de lado. O que Radu quis dizer é que ele não tinha a necessidade de fazer esta concessão, visto que ele tinha meios de sobra para sobreviver e ao mesmo tempo manter sua “integridade artística” (seja lá o que isso signifique) e apenas produzir o que tivesse vontade. É a situação ideal, e duvido que alguém que a alcançasse conseguiria se contentar com menos que isso. Não é a minha realidade. Hoje, apesar de já tratar o ofício literário como uma atividade profissional, não tiro meu sustento dele. Na realidade brasileira este é o cenário mais comum. Escritores, artistas em geral, tem empregos que muitas vezes nada tem a ver com sua arte. Porque, como já se sabe, viver de cultura em nosso país não é fácil. Ser artista no Brasil é ser um guerreiro. Ou, no caso, um predador.

4 – Como surgiu a vontade de ser escritor?

Meu primeiro conto não nasceu com essa intenção. Eu era um garoto, de dezesseis anos, que tinha acabado de levar um pé na bunda de uma namorada. Fiquei tão arrasado quanto qualquer adolescente nessa situação fica, e nem sei bem por qual motivo decidi escrever uma carta de suicídio. Não que eu tivesse essa vontade (calma, mãe), só decidi que iria descrever o que eu estava sentindo, e ao mesmo tempo usar aquele sentimento destrutivo pra criar alguma coisa. Qualquer coisa. Mas não queria assustar ninguém, então decidi escrever a carta de suicídio de outra pessoa, com uma história bem diferente da minha. Uma tragédia alheia. Escrevi uma longa, prolixa e piegas carta. Passei alguns dias voltando a ela, corrigindo aqui e ali, mexendo nas frases, nos sentimentos que eu queria transparecer. Lapidei-a até que ela conseguisse refletir exatamente o que eu havia sentido, mas sem me envolver diretamente. Terminada a carta mostrei a alguns amigos. Coletei meus primeiros elogios. Uma menina chegou a chorar. Outra amiga levou uma cópia para sua mãe, atendente do CVV (Centro de Valorização da Vida), e me contou que ela também havia chorado ao ler. Percebi que eu tinha feito alguma coisa interessante, que eu havia criado uma história que tocou as pessoas, que as fizeram sentir o que eu havia sentido. Apaixonei-me por aquela sensação na hora, e a partir daí não parei mais. Escrever se tornou parte de mim, parte de minha vida. Costumo dizer que um bom escritor escreve 24hs por dia, mesmo que só digite às vezes. Digo isso, pois sou assim. Procuro histórias em todo cenário que passo, toda cena que testemunho, todo diálogo que ouço, toda manchete que leio. E escrevo para ser lido, para dialogar com meus leitores através de uma história que não é a minha, mas que fui eu quem criou.

5 – No livro percebi que você usou de muitos simbolismos para descrever os cenários. Por exemplo: a área VIP da Vrykolakas não possui paredes, o que nos remete a ideia de um lugar sem restrições ou coisas a serem escondidas e isso parece refletir bem o conceito do predador, pessoas sem limites para buscar seus desejos e com mentes acima da média, de Radu. Tenho uma amiga formada em Decoração de Interiores e já conversei com ela sobre a questão de aliar um conceito a decoração de um ambiente e percebo que é isso justamente o que acontece em seu livro. Você realizou alguma pesquisa para isso ou foi algo que se formou naturalmente no decorrer da escrita?

Não diria tanto uma pesquisa, mas mais uma intenção. Gosto destes simbolismos, dessa construção do ambiente com o intuito de contar uma história. Toda descrição deve possuir o objetivo de enriquecer a trama. No caso de Predadores temos três pontos de vista intercalados: Dante, Ian e Eva. Cada um deles com uma biografia e “filtros” visuais próprios. Então um detalhe que chamou a atenção de Ian em certo momento talvez passasse despercebido caso o foco narrativo estivesse em Dante ou em Eva. Neste aspecto era importantíssimo que os cenários por onde cada personagem transitasse criasse algum tipo de sentimento ou mesmo contexto específico. A área VIP do Vrykolakas não possui paredes, pois paredes representam limites, e aquelas são pessoas que estabelecem seus próprios limites. Da mesma maneira que o apartamento de Eva diz muito a respeito dela e de sua atitude. Ou o apartamento de Ian, ou seu escritório. Dante sai de seu ambiente conhecido e cai em um “mato sem cachorro”. Tudo é intencional. Nada do que é descrito é ao acaso.

6 – Pelo que averiguei “Predadores” e “Emboscada” formam uma única história, enquanto que “O Legado de Bathory” é uma história que se passa antes mesmo de “Predadores”, mas que pelo que vi parece estar ligada a história dos outros dois livros. Estou certo? Por enquanto só li “Predadores”, mas confesso que achei incrível como você conseguiu desenvolver a figura enigmática de Radu tanto a ponto de me fazer querer logo o “Emboscada”. Você pretende escrever outro livro ainda narrando eventos com personagens de “Predadores”? Ainda não sei o que acontece em “Emboscada”.

A intenção desde o começo ao escrever Predadores era que fosse um livro único, com uma história fechada e uma trama autossuficiente. Mas sua realização demandou uma grande pesquisa a respeito do mito do vampiro e de seus personagens. Foi neste momento que tive contato com a história da Condessa Bathory, que ganhou a fama por ser considerada uma das mais prolíficas assassinas de todos os tempos. Lembro-me de me apaixonar por aquela história, e deixar o material guardado para futura referência. A “doença” que retrato em Predadores é em grande parte inspirada nas características atribuídas à condessa em seus rituais. Então, após terminar de escrever Predadores, dediquei-me a estudar mais e mais aquela história. Fiz uma pesquisa intensa a seu respeito. Só a pesquisa me tomou os dois anos seguintes. Quando decidi sentar para escrever quis relacionar a história da condessa com os fatos narrados em Predadores, visto que ela tinha surgido durante aquela pesquisa. Seria uma história de origens, mas independente. Sua trama serviria tanto para complementar o universo estabelecido em Predadores quanto para estabelecer uma cronologia para os fatos. Durante esse tempo comecei a receber as primeiras leituras de Predadores (leituras beta, pois o livro não havia sido publicado ainda) e todas elas clamavam por uma continuação. Muitas pontas soltas. Não havia uma sensação clara de conclusão, de resolução. Tentei argumentar que essa era mesmo a intenção, que algumas coisas não se resolveriam, mas com o tempo passei a concordar com essas observações. Assim, anos depois, retornei ao universo que havia criado e escrevi uma continuação. Confesso que foi uma delícia reencontrar aqueles personagens. Desenvolvi uma trama que, mesmo funcionando de forma independente, dava um tipo de conclusão a alguns pontos estabelecidos em Predadores. Não todos, mas os mais importantes. Há espaço para mais histórias, claro, mas ainda não tenho intenção de escrevê-las. Não digo nunca, pois são personagens que me são muito caros, mas no momento estou focado em outras histórias e temas.

7 – Achei muito legal você dividir o livro inicialmente em dois focos (os acontecimentos em São Paulo na Vrykolakas e os de Mauá. Caros leitores, não darei detalhes para não soltar spoiler) e queria saber se você pretende escrever uma prequel dos eventos de “Predadores”. Acho que a dupla Dante e Jonas, os moderadores do site Inquisidor (site voltado para investigação de supostos fenômenos paranormais), poderia protagonizar um livro interessante.

Confesso que nunca havia cogitado esta ideia. É bem interessante, mas tenho certo receio em histórias que tentam explicar demais. Dante e Jonas tinham uma química interessante entre eles, e acho que seria muito divertido narrar suas desventuras, mas não tenho nenhuma intenção, neste momento, de tomar esse caminho. Estou muito envolvido em uma outra história, um outro universo, para criar algo assim. Toda a “trilogia” tomou cerca de seis anos para sua realização. É hora de mudar um pouco de assunto. Mas, como disse na pergunta anterior, não digo que nunca irei fazer. Só não tenho planos para isso no momento.

8 – Pegando um gancho na pergunta anterior, queria saber se você pode nos contar um pouco sobre seus próximos planos na escrita. Há algum livro a caminho? Por favor, sacie a nossa curiosidade.

Estou sempre escrevendo alguma coisa. Contos, crônicas, romances. Alguns destes trabalhos são publicados em antologias e coletâneas, a maioria permanece inédita. Este ano participei como autor convidado das coletâneas “Le Monde Bizarre – O Circo dos Horrores”, pela Editora Estronho, e “Paradigmas Definitivos”, pela Tarja Editorial. Em breve lançarei duas antologias com meus contos. Enquanto isso estou trabalhando em um novo romance, que lida com a temática de extremismo religioso, que pretendo finalizar ainda este ano (estou trabalhando nele desde 2009). Paralelamente a isso criei um método voltado à criação e produção de textos, adaptado de uma metodologia de desenvolvimento de projetos de informática. De posse deste método, me juntei ao escritor Fernando de F. L. Torres e criamos um curso, a Usina de Criação e Produção Literária, que se iniciará com uma aula aberta com o escritor Ricardo Lisias no dia 01/08/2012, no espaço Mundo Mundano (http://www.mundomundano.com.br/acontece/01082012-usina-de-criacao-e-producao-literaria/ ), cujas inscrições já estão abertas. O curso é voltado tanto para escritores como para aspirantes, desde que tenham interesse em tornar sua produção o mais profissional possível, e terá a duração de três meses. Ao final os participantes integrarão uma coletânea com os textos produzidos nela.

9 – Por último quero ceder um espaço para que você deixe algum recado para os seus fãs, familiares, bichos de estimação ou qualquer ser com consciência.

Quero agradecer não apenas pela interessante entrevista, mas também pela resenha feita para Predadores. Como mencionei no Twitter (@AleHeredia) é um prazer saber que sua obra não foi apenas lida, mas também compreendida. Quando sentamos para escrever levamos horas e horas de planejamento, criação e incontáveis revisões apenas com o intuito de transmitir algo para um leitor hipotético. E ver essa hipótese se concretizar é a culminação de todo esse trabalho. Assim gostaria de estender esse agradecimento a todos os meus leitores, aqueles que compreendem meu trabalho e que me fazem cada dia querer surpreendê-los novamente.

Abraços, Alexandre! Sucesso para você, camarada. A porta sempre estará aberta para você e muito obrigado por doar um pouco do seu tempo para essa entrevista.

Eu que agradeço pela oportunidade. E aguardo ansioso pelas próximas resenhas.