[Resenha] 1984 do George Orwell

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Guerra é Paz
Liberdade é Escravidão
Ignorância é Força

Esse é o lema do Partido. Política dominante no mundo de 1984. Imagine-se vivendo em um mundo onde você é observado o tempo todo. Na sua casa, há um aparelho chamado teletela que transmite notícias e te observa, te avalia. Se, por exemplo, em uma notícia boa dada pelo governo você não transmite felicidade em sua expressão, pior, transmite desprezo ou desinteresse, você é preso por cometer facecrime.
Big Brother
Big Brother

O Grande Irmão zela por ti… O Grande Irmão é o líder. O correto. O maravilhoso. Ele é praticamente Deus. E ai se você dizer o contrário. É ele quem toma as decisões e ele está sempre correto.

É nesse mundo que vive Winston. Ele trabalha no Ministério da Verdade, que de verdadeiro não tem nada. O trabalho de Winston é alterar o passado. Mas como isso? Simples. Ao sair uma notícia onde os dados não batem com algo que o Grande Irmão disse em um passado remoto ou não, os jornais são alterados. Tudo o que provaria que o Grande Irmão errou é falsificado – mas essa palavra nunca é usada. O Grande Irmão nunca erra.

O livro nos conta a vida de Winston nessa incrível – não deixa de ser – sociedade. Ele não se sente bem vivendo dessa forma. Odeia o Partido, deseja que ele acabe, deseja ser livre, embora não saiba realmente o que é isso. Até onde se lembra o mundo sempre foi assim e sempre será.

O ápice da história acontece quando ele encontra Júlia que revela – bem discretamente, senão seria presa – que o ama. Eles começam um romance, claro que proibido. Winston já foi casado e por isso seria proibido casar novamente. O amor é tratado como algo que não vale a pena, uma coisa ruim. Um casal, ao preparar os documentos para o casamento, não pode demonstrar qualquer atração física pelo futuro parceiro. O casamento é um ato unicamente para gerar filhos. E o sexo – algo sujo – só deve ser feito nessa condição.

Achei muito gostosa a história de Winston e Júlia, embora – você já deve ter imaginado – ela não acabe bem. É um romance profundo e é angustiante saber que nunca poderá ser revelado.

Em algumas partes do livro cheguei a pensar comigo mesma: mas que população mais idiota! Como no caso das guerras. Winston habita na Oceania e há mais dois países: Eurásia e Lestásia. A guerra é sempre constante. Por vez, a Oceania é aliada da Eurásia e luta com a Lestásia ou o contrário, mas de acordo com as regras do Partido, se hoje estão em guerra com a Lestásia, sempre foi assim. Qualquer prova que diz o contrário é falsificada, destruída. É claro que as pessoas se lembram do acontecimento, mas fingem não lembrar. Aceitam, como se fosse sempre assim. Não é bem um caso de burrice, mas de sobrevivência. Dizer em voz alta que: não, antes estávamos em guerra com a Eurásia; acarreta em prisão e até morte.

1984 é um reflexo do que nossa sociedade está se tornando, ou já se tornou. É incrível que Orwell, que faleceu em 1950, tenha visto com tanta clareza o mundo em que viveríamos. O Partido hoje pode ser comparado com a imprensa, a televisão. Tudo o que ela diz é verdade, nada é questionado. Ela nos mostra o lado que alguém quer que vejamos. É difícil encontrar hoje na TV uma notícia que nos mostra a total realidade. Daqui a uns anos, se nos disserem que 2 + 2 = 5, muitos irão acreditar.

Um clássico que merece ser um clássico. Leitura obrigatória!

NOTA:

05-selos-cabulososFicha Técnica:

capa-1984Editora: Companhia Editora Nacional

Autor: George Orwell

Origem: Estrangeir

Título original: Nineteen Eighty-Four

Ano: 1984

Número de páginas: 277