Nesta obra duas narrativas se intercalam, ambas tendo como tema o vestibular.
A primeira, informativa, traz reminiscências e desabafos. A segunda, uma história policial, apresenta nas entrelinhas uma superdica para o vestibulando.
Através da narrativa o autor retoma pontos importantes de cada história, despertando o interesse de conhecer as obras originais.
O universo dos livros não é uma estrada em linha reta, como a vida, ela é um caminho de curvas e solavancos que podem nos fazer encontrar livros bons e ruins. E foi através desta estrada repleta de imprevisto que o livro O xis da questão (editora FTD) chegou as minhas mãos. O colégio em que trabalho adotou como leitura para o 2º semestre e, como sempre, resolvi ler antes dos meus alunos. Assim que comecei a lê-lo me vi rindo e rememorando as auguras passadas na época de vestibular.
O livro é dividido em duas narrativas. Na primeira, autobiográfica, o autor vai contando como fora sua vida de vestibulando. Com bastante humor, intercalado com gírias e regionalismos deliciosos, o vestibular é desmistificado para quem irá fazê-lo e, para quem já prestou o exame como eu, traz uma sensação de flashback. Peguei-me rindo de muitas das situações que o Ricardo mostra. São aqueles momentos que fazemos uma grande tempestade num copo d’água e só vemos nossa ingenuidade e inexperiência assim que termina todo o processo.
Outro ponto forte são as “dicas” dadas para os feras. Muito longe de ser um “Descubra como passar no vestibular”, são coisas simples, nada de bizus, que qualquer candidato deveria fazer para evitar pequenas confusões e desesperos infundados (ou que poderiam ser evitados). Destaque para o capítulo dedicado aos livros do vestibular, onde o autor revela uma fórmula: ler dos mais simples aos mais complexos (o mesmo faz uma lista exemplo que está na página 190). E tudo isto é descrito de um modo tão saboroso que é impossível não apreciar o trabalho do escritor.
Mas, como eu disse anteriormente, o livro possui duas narrativas. Na segunda, intitulada: “Pacote turístico com morte inclusa”. Vemos, se desenrolar uma trama policial envolvendo sedução e morte (nada muito pesado, pois é um livro para adolescentes consumirem no colégio). Usando personagens famosos da literatura clássica como Paulo Honório (São Bernardo, Graciliano Ramos), Fernando Seixas e Aurélia Camargo (A senhora, José de Alencar), Basílio (O primo Basílio, Eça de Queirós) dentre outros e também personagens de filmes como Deckard de Blade Runner, o caçador de andróides. Esta história desenvolve-se simultaneamente com O xis da questão, apesar de não possuírem relação.
É um ótimo livro, não só para alunos que “odeiam ler”, como para que ama ler e principalmente para quem fará vestibular, pois se não servir como um “calmante”, será no mínimo uma excelente diversão e descontração para aquele que deve escolher o “seu futuro”. Como disse, no início desta resenha, tornou-se uma surpresa a tal ponto que me vi motivado a fazer uma resenha. A literatura infanto-juvenil tem grandes escritores e O xis da questão é a prova disto, se, talvez, estivesse longe do âmbito da sala de aula nunca encontraria esta obra encantadora.
NOTA:
Avaliação: FODA!
Trechos que o Lucien gostou:
…nunca comi nada. Mesmo porque, prova deve ser tratada com carinho e concentração, como uma mulher. Você não vai comer uma barra de chocolate no meio da transa, é ou não é? Vestibular, pra mim, é a mesma coisa.
Pág. 21
Enfim, se você der essa mancada (erra do gabarito), não fique nervoso, com a adrenalina a mil. Não rasgue a prova! Não jogue a borracha no fiscal! Não enforque o colega do lado! Não berre! Não faça nas calças!
