[Resenha] As Crônicas de Gelo e Fogo – Livro 1 de George R. R. Martin

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Alou caros leitores! Aqui estou eu, Menino Estranho, para mais uma resenha feita para a comemoração da Semana da Toalha, com todo o amor para vocês, amiguinhos e amiguinhas do meu coração! E esta é a resenha de nada mais, nada menos de A Guerra dos Tronos.

Antes de mais nada, vou alertar de uma vez só:

A Guerra dos Tronos (publicado no Bresél pela editora LeYa) não é um livro para fracos.

Não espere fantasia por fantasia. Não espere por elfos, magos e anões (bem, até existe UM anão, mas é devido à predisposição genética. Tipo os anões do mundo real. E ele é FODA!). O heroísmo e a honra não são a lei do continente de Wasteros. A lei de Wasteros é regida pelo jogo dos tronos.

E neste jogo ou você ganha.

Ou você morre.

Antes de você ler a Guerra dos Tronos, você realmente tem que ter essas informações em mente. Pois isso pode fazer a diferença entre aproveitar ou não este livro. Primeiro, no que diz respeito a comparação que acontece entre Martin e Tolkien. É até honroso para Martin receber esta alcunha de “Tolkien Americano”, mas tenha certeza que a comparação é injusta. Por várias razões, mas principalmente por isto: As obras são completamente diferentes. As duas contemplam novas realidades, culturas e mundos. Mas para por aí. Tolkien criou um conceito do que iria se tornar a literatura de fantasia. Criou um mundo que embora tenha sua carga de tragédias e sofrimento, faz odes a aventura e o heroismo. Martin não. A obra de Martin poderia facilmente se passar numa Europa medieval. Seus personagens, a humanidade que existem em todos eles e em suas relações, intrigas, batalhas. Tudo isso é passado de uma maneira inegavelmente real. Na realidade, o motivo principal de Martin ter feito a história se passar num mundo fictício é justamente não se prender na “âncora da história”, onde invariavelmente você que sabe de história do mundo vai saber o final.

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E ainda assim, tudo que pode ser dito do início da saga das Crônicas de Gelo e Fogo é que ela é magnífica.

É fácil você achar que a história gira em três “núcleos” principais, mas eu diria que não são exatamente os núcleos que você imaginaria. Não, o livro não foca no Rei, nos stark e na muralha. O livro foca na realidade em outros três pontos:

Na pequena ameaça de além mar, onde estão os últimos descendentes dos Targaryen, os Dorathik e todo um povo desprezado e subestimado nas terras de Wasteros.

Na guerra dos tronos, que envolve a tudo e a todos, desde a casa guerreira dos Baratheon, aos honrados Stark e os

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Capa nacional de As Crônicas de Gelo e Fogo

ambiciosos Lannister, e todos os que saem feridos no fogo cruzado.

E o inverno. O inverno rigoroso e cruel, o maior de todos, que está finalmente chegando.

E aí esta o grande trunfo no livro. As relações. Martin conseguiu de uma maneira única criar um emaranhado de ações e reações num mundo tão crível e cru, que a história por si só consegue te conquistar. Todos os personagens têm suas cruzes que carregam e os moldam. E até as crianças têm seu papel fundamental, crescendo a cada hora e provação.

São justamente os descendentes da casa de Stark, Robb, seu herdeiro, Brandon, Arya, Sansa e Rickon e principalmente o bastardo de Stark, Jon Snow, que põem uma promessa inegável de crescimento a uma trama já incrível. Cada personagem cresce, amadurece a seu jeito e velocidade. Todos podem ser amados ou odiados num piscar de olhos, e em nenhum momento você pode ater o papel de “grande vilão” a algum deles. São todos humanos. Tem seus defeitos e qualidades. têm um motivo, certo ou não, para fazer o que fazem. Não espere a priori um “Sauron” que deseje destruir o mundo. Aqueles com sede de conquista existem, e são bem demonstrados. Mas, quanto a serem vilões, uma frase muito interessante é dita ao longo do livro: “E você faria a mesma coisa se fosse sua família em jogo”. E isto nada mais é que a verdade.

Talvez o que deixe um fã de fantasia um tanto incomodado é que não existem realmente muitas batalhas no livro. As que existem são fantásticas e bem elaboradas, claro, mas não existe um “momento senhor dos anéis” para esperar, o que pode dar a sensação de ser um livro parado, o que certamente não é. Mas, ademais, não há com o que se preocupar ao ler A Guerra dos Tronos. Eu garanto que pelo menos em uns três momentos seu coração vai parar na sua boca de ansiedade. Sou prova disso!

A tempo, tenho que dizer: Tyrion Lannister, o duende, como é conhecido por sua família e todos os demais, é com certeza o melhor personagem de toda a série. Um gigante em um corpo menor do que o normal. Prestem atenção neste anti-herói, pois ele fará este universo balançar!

E não há nada mais o que dizer. Guerra dos Tronos é isso. Um livro tão impressionante, que apenas lendo você poderá compreender o que se diz de tão bom sobre ele. Eu, preconceituoso que era com a série (imitador barato de senhor dos anéis dizia eu!) me rendi inegavelmente. E recomendo o mesmo a você.

E diria para você se apressar. Pois afinal de contas, não custa lembrar mais uma vez, e uma vez mais.

Pois o inverno está chegando.