RESENHA: AS PEQUENAS MEMÓRIAS DE JOSÉ SARAMAGO

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As pequenas memórias, capa

Ler Saramago é uma experiência sempre fascinante. O livro “As pequenas memórias” da editora Companhia das Letras é uma autobiografia diferente. Sempre tive a impressão que autobiografias seriam tratados narcísicos sobre seus autores, já que falar de si soa-me como se vangloriar. Mesmo assim, por causa do podcast resolvi apostar neste livro singelo de 138 páginas. Pensei: “Mesmo que não goste lerei rápido”. Duplo engano: gostei e não li rápido, por quê? Explico-me.

GOSTEI

Essa biografia é diferente principalmente para quem já leu mais de um livro do autor e/ou tem conhecimento de sua vasta obra, percebe que constantemente ele irá ligar vários fatos de sua vida aos livros escritos. Mostrando que aqueles livros estavam nele e que em algum momento iriam se concretizar em forma de palavras numa folha de papel. Destaque para um interessante acontecimento na vida do autor que é o seu próprio nome. O sobrenome Saramago não existia em sua família e tudo fora um erro do cartório que ao resgistrá-lo acrescentou o Saramago por motivos até hoje desconhecidos pelo autor, obrigando assim a seu pai mudar o próprio nome, sendo, como afirma o próprio Saramago, “o primeiro caso na história em que um filho tenha dado nome ao pai”. Esse fato o inspirou a escrever o romance “Todos os nomes”. E assim decorre o livro, nessa relação acontecimento e obra, sem beirar as relações psicanalíticas que fazem com que sitamos pena do autor, não!

Saramago relata vários episódios de sua infância pobre e de constantes mudanças, relatadas de forma natural, naquela época era natural as condições de vida serem tão precárias; conhecemos seu primeiro contato com o amor e corpo de uma mulher; menino travesso gostava de caminhar pelo sítio de sua avó e se perder em pequenos episódios como da vez em que se encontrava pescando e acabo por perder uma das varas para um peixe, atordoado chegou à casa da vó explicando o acontecido e querendo algo para pescar o peixe que havia “pescado” sua vara, sua avó riu do esforço, já que o peixe não estaria lá “esperando por ele”.

Vemos neste livro que José Saramago não poderia ser diferente do que fora. Suas vida simples e muito bem vivida trouxeram para o livro um ar nostaugico que só a infância poderia ter. O livro é como seus romances. Simples poderem fascinante.

NÃO LI RÁPIDO

O livro é pequeno comparado as demais obras do escritor. Por isso, meu susto ao demorar quase duas semanas para concluir sua leitura. A escrita de Saramago é particular, sua marca. Quem lê os seus romances sabe que não encontraram diálogos com parágrafos, dois-pontos e travessões, são, muitas vezes, páginas e mais páginas sem um único parágrafo. Não que isso atrapalhe a leitura, pois em um dado momento o leitor já se acostumou.

No entanto, o costume não apareceu neste livro. Reli vários trechos e muitas foram as vezes que chegavam ao final de uma página sem lembrar de nada do que lera.

Como leitor, tenho uma peculiaridade, demoro para me adaptar a nova leitura. Quando termino um livro e inicio outro percebo que meu cérebro ainda está com a antiga escrita e luta para compreender a nova. Tinha acabado de ler Percy Jackson e os Olimpianos – O ladrão de Raios do Rick Riordan (ed. Intrinseca), daí passar para uma leitura como Saramago realmente foi sofrível. Mas, pretendo relê-lo ainda. Minha paixão por este escritor é tamanha que preciso siceramente compreendê-lo em todas as peculiaridades.

Gostaria de acrescentar que para quem deseja saber mais sobre o escritor português há um hotsite em sua homenagem para acessá-lo basta clicar aqui.

Cartaz do documentário José e Pilar

Outra notícia é que em novembro do ano passado lançaram um documentário intitulado “José e Pilar” que acompanha o romance “A viagem do elefante” e acompanha o casal (José Saramago e Pilar Del Rio) em algumas viagens pelo mundo. Há um hotsite, também, sobre o documentário (clique aqui).

Abaixo vários vídeos sobre o documentário:

Trailer nacional de José e Pilar:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=X0tNzq6PXyA&w=640&h=390]

Minitrailer com interpretação de Marília Pera:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=XhzUDqhlUQI&w=640&h=390]

Entrevista com Miguel Gonçalves Mendes sobre o documentário:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=DV4OTaWAK6I&w=480&h=390]